Durban – África do Sul

Durban – África do Sul

23 de Junho, 2010 7 Por Vitor Martins

Durban com paragem no Gabão!!!
Ano de Mundial de futebol… inícios de Junho recebo uma chamada a perguntarem se não queria ir a África do Sul, assistir ao jogo Portugal-Brasil, porque tinham ganho uma viagem com tudo incluído e não poderiam ir!
E como não sou esquisito e tinha disponibilidade….lá fui eu! 🙂
Foi uma experiência inesquecível!
Foram 14h de Lisboa até Durban onde tínhamos tudo programado à nossa espera para cinco dias verdadeiramente de Reis!!!

Durban é uma cidade limpa e moderna banhada pelo magnífico oceano Índico.

Como a viagem foi longa e o voo era charter, tivémos de parar em Libreville para reabastecer, que é a capital e a maior cidade do Gabão. É a capital da província Estuaire, a sua população é estimada em cerca de 570 mil habitantes. Libreville está situada no estuário do Gabão, na costa noroeste do país. A foz do delta do rio Komo que desemboca no Oceano Atlântico. O Golfo da Guiné banha a periferia no sul, enquanto, no norte é a floresta que  prevalece sobre uma grande área quase desabitada. Foi fundada em 1849 por escravos libertos a partir de um navio negreiro chamado Elizier, que serviu como ponto de partida para a colonização francesa no Gabão, de Fort Aumale, e se tornou a capital do Congo Francês, antes de perder esse estatuto em favor de Brassaville em 1904.

Aquando da reserva tínhamos duas opções em termos de alojamento, ou ficávamos junto ao mar ou então mais perto do estádio e no hotel onde a Selecção Nacional de Futebol iria ficar alojada durante dois dias. No avião fiquei com duas pessoas, hoje amigos, o Malveiro de Lisboa e o Sérgio da Figueira da Foz. Como são voos charters as condições não são as melhores, então para nos distrairmos fomos conversando, jogando cartas, contando anedotas e num ápice estávamos a aterrar em Durban.

Chegámos num final de tarde solarengo e como tive o privilégio de ficar no mesmo hotel da selecção nacional, o que tornou a experiência ainda mais fascinante! 🙂

Conheci novas pessoas, o avião levava cerca de 200 portugueses do país inteiro, fiz novos amigos e fomos tratados em todos os restaurantes como reis!
Dos restaurantes todos a que fomos, adorei um em particular na zona da praia de Durban e perto do estádio, que é um barco enorme velho que foi restaurado e tem um enorme aquário com dois tubarões lá dentro e enquanto comemos eles lá andam a passear tranquilamente ao nosso lado!!! Inesquecível!!

O nome do restaurante é The Cargo Old Restaurante e é uma visita obrigatória em Durban.

A selecção nacional chegou no segundo dia de manhã tinha jogo no dia a seguir. Parte do hotel estava reservado para toda a comitiva, mas os jogadores e treinadores interagiam connosco na entrada onde descansavam, jogavam, viam as suas famílias. Nós, os cerca de 40 que ficámos neste hotel, pudemos ver um pouco da logística da selecção e dos jornalistas que a seguem. Reportagens em directo do hotel, entrevistas a jogadores, tudo ali na frente dos nossos olhos. Tive conversas banais com o Paulo Ferreira, com o Fábio Coentrão, com o Deco, com o Nani… vimo-los chegar e partir, convivemos, partilhamos do seu dia-a-dia… foi uma experiência que nunca pensei viver na vida e inesquecível para um amante de futebol. 🙂

No segundo e terceiro dia fizémos passeios pelas zonas circundantes da cidade e destaco um, a uns 180kms a norte perto da fronteira com Moçambique, onde tivemos a oportunidade de conhecer uma aldeia Zulu e apreciar os seus costumes e tradições… Seguimos em direcção a Maputo, apreciando a magnífica paisagem e as aldeias zulus com as suas casas típicas e as suas gentes a trabalhar na agricultura, e chegámos a uma especial – a aldeia zulu de Shakaland. Ela está inserida no meio da floresta e tem um lago enorme na sua frente que nos dá uma vista fantástica. Claro que tenho a noção que tudo isto não passa de recriações com fins turísticos, neste caso a aldeia pertence a uma única familia Zulu. Isto é uma situação que já tive oportunidade de apreciar em algumas partes do mundo… mayas, budistas, indus, índios, etc… Existem pessoas que acham tudo uma “palhaçada” e criticam, mas eu acho que é uma forma de mostrarem a sua cultura e dos seus antepassados e ao mesmo tempo terem um meio de subsistência… acaba por ser bom para todas as partes, nós aprendemos os seus costumes e eles têm oportunidade de viverem melhor e acima de tudo não deixam morrer as tradições ancestrais.

Na aldeia Zulu pudemos degustar cerveja feita por eles na hora, pudemos estar com o chefe da aldeia, apreciar as suas danças tradicionais, ver a forma como se defendiam ,ver como fazem a tecelagem, trabalhos de cerâmica e ver como fazem as suas armas de defesa tradicionais. Sempre que chega alguém a aldeia podemos ver um espectáculo feito por um guerreiro, que dança no alto de uma estrutura de madeira a dar as boas vindas às pessoas. A aldeia é toda construída com técnicas tradicionais, nas quais os homens fazem a estrutura do tecto, e as mulheres cobrem-na com folhas e galhos secos, sem esquecer o necessário conforto para os hóspedes. Ao todo, 80 famílias vivem do trabalho de artesanato, da dança ou do funcionamento da parte hoteleira. Seria fácil acusar Shakaland de ser muito comercial, mas o projeto pode ser um exemplo de conservação sustentável das tradições e é com isto que aprendemos a história dos nossos ancestrais. Vale muito a pena visitar Shakaland!

Com tantas aventuras, grandes almoços, grandes jantares, muito boa companhia, grandes noitadas… na penúltima noite decidimos sair fora do círculo, pedimos a um taxista que nos levasse a uma discoteca e lá fomos nós por nossa conta e risco numa carrinha de nove lugares com doze pessoas… mais uma aventura com pessoas excepcionais. Tudo correu conforme o previsto e sem percalços de maior! Tínhamos de ir descansar que o grande dia estava a chegar!

O dia do jogo Portugal-Brasil chegou, o jogo foi no estádio Moises Mabhida, o seu nome é uma homenagem a um dos líderes na luta contra o apartheid, e está identificado como arena multi-funcional de última geração do Complexo Desportivo Kings Park, no terreno do antigo Estádio Kings Park, que poderá receber outros estádios e empreendimentos. O arco superior em “y” com 106 metros de altura, inspirado no do Estádio do Wembley, é uma referência à bandeira da África do Sul, e tem um teleférico com a finalidade de ampliar o turismo da região, já que é possível ter uma vista privilegiada da cidade e de suas praias. A cobertura está ligada ao arco por meio de cabos de aço com 95 mm de diâmetro. O estádio é fantástico e o ambiente Portugal-Brasil foi inesquecível, dois países irmãos, a mesma língua, foi um sonho realizado! Almoçámos num restaurante virado para o mar, era a primeira vez que metia os pés no Oceano Índico. Desta viagem sozinho ficou mais uma grande experiência, atravessar África de norte a sul de avião, passar por cima de Luanda depois de subir no Gabão, e claro os amigos que fiz para a vida.

Voltarei um dia a África do Sul, até porque da sua imensidão, conheci muito pouco!!

Era hora de regressar não sem antes assistir a mais uma das maiores peripécias em viagem..Antes de embarcarmos, conheci o Luís que vive em Estarreja e estava muito stressado porque nunca tinha voado tantas horas e fumava bastante..O problema dele era como passar tanto tempo sem fumar. Falando com ele, lá o acalmei um pouco, mas mesmo antes de embarcar ainda teve de ir fumar um cigarro para dentro da casa de banho, ao lado das portas de embarque, o que é proíbido…Lá fizemos a viagem até Durban e tudo correu bem, mas de regresso, o Luís decidiu ir fumar para a casa de banho do avião…escusado será dizer que passados cinco minutos, o avião quase todo tinha um cheiro a tabaco insopurtável..

O comandante apercebeu-se e quis aterrar o avião, mas como era um voo charter encomendado pelo grupo Jerónimo Martins, o responsável lá conseguiu falar com o comandante e fazê-lo mudar de ideias..

Numa situação normal, o comandante poderia aterrar o avião e o Luís poderia ter tido uma multa grave e até arriscar prisão!!

Todo o cuidado é pouco e lá aterramos em segurança no aeroporto de Lisboa passadas dezasseis horas..

 

Obrigado grupo Jerónimo Martins, mais concretamente o Recheio, por esta oportunidade fantástica!