Go Free Caravans – Uma viagem pelo interior do Alentejo

Go Free Caravans – Uma viagem pelo interior do Alentejo

7 de Dezembro, 2018 14 Por Vitor Martins

Sempre sonhámos em fazer uma viagem de auto-caravana com as crianças. Já tínhamos vivido esta experiência dez anos antes com um casal amigo, onde fizemos várias viagens por Portugal numa auto-caravana deles. Naquela altura era muito complicado e bastante dispendioso alugar, e comprar estava fora de questão, por isso este sonho teria que ser adiado.

Esse dia apareceu com a GoFree!!!

Uma solução fantástica para quem quiser fazer uma viagem diferente!

Quando soubemos, reservámos logo! Um processo extremamente simples, tratado por uma fantástica equipa sempre ao nosso dispor. Decidimos reservar por quatro dias e a nossa ideia era explorar o interior alentejano, por onde já tínhamos andado dez anos antes.

O tão aguardado dia estava a chegar, e a família mais que pronta para a aventura! 😀

Fomos então nós os quatro, mas como a auto-caravana era grande, decidimos convidar um do nossos afilhados, o grande Zé Pedro!

Fizemos então o caminho até ao Montijo, onde depois da magnífica recepção e das muitas e cuidadosas explicações por parte dos funcionários, a nossa “Évora” estava pronta para seguir viagem!

Tudo é verificado ao pormenor pelos funcionários, para que os viajantes possam ir seguros e felizes!

E assim iniciámos a nossa aventura… e que aventura!!! 😀

Depois de estarmos todos acomodados confortavelmente, seguimos viagem em direcção a Montemor-o-novo, uma viagem de cerca de 100kms sempre em estradas nacionais.

Depois dos primeiros quilómetros, estava completamente adaptado à condução, que era uma situação que me trazia apreensivo pelas dimensões do carro e pela condução, confesso que não sou grande amante da condução… 🙁

Horas depois estacionávamos a nossa Évora, a auto-caravana de cinco lugares, em Montemor-o-Novo. A GoFree tem dezenas de auto-caravanas de aluguer, que começam em dois lugares até sete lugares. O conforto e a modernidade marcam estas viaturas, todas elas com poucos anos de vida e com muita estima quer interior, quer exterior.

Bebemos um café, esticamos as pernas, os mais novos, nem sequer saíram do carro, tal era o entusiasmo e a alegria de estar lá dentro! 🙂

Fantásticos momentos!! Seguimos viagem até Santiago do Escoural, onde parámos novamente para apreciar a aldeia e meter conversa com os locais… 😀

A conversa como sempre foi animada, mas tínhamos de seguir viagem. Queríamos descansar um pouco em Arraiolos, essa fantástica terra, do castelo circular e dos maravilhosos tapetes!

Mas antes tivemos de ter ainda mais cuidado na estrada! 🙂

Chegámos então a Arraiolos, estacionámos a auto caravana e fomos explorar o seu castelo!

Por dentro das muralhas, surge a linda Igreja do Salvador, onde passeámos e descansamos um pouco.

Mas tínhamos de seguir viagem, seguimos em direcção a Évora, para ver o pôr-do-sol, no monumento megalítico mais conhecido da zona, os Cromeleques dos Almendres!

Depois de vários quilómetros em estrada de terra batida, finalmente chegámos!!

O Cromeleque dos Almendres, é um grande círculo de pedras pré-histórico com 95 monólitos de pedra. É o monumento megalítico do seu tipo mais importante da Península Ibérica, e um dos mais importantes da Europa, não apenas pelas suas dimensões, como também pelo seu estado de conservação. Junto com o Menir dos Almendres, localizado nas proximidades, o conjunto é classificado pelo IGESPAR como Imóvel de Interesse Público desde 1974 e foi elevado a Monumento Nacional em 2015.

O nosso primeiro dia estava a chegar ao fim! E que dia! 🙂

Depois do pôr-do-sol, saímos em direcção ao Intermarché de Évora, onde pudemos reabastecer águas e despejar o resíduos sanitários. Um lugar calmo, cheio de pessoas com auto-caravanas, a maior parte estrangeiros.

A nossa auto-caravana tinha todas as condições para fazermos as refeições, mas decidimos ir jantar fora. Fomos para o centro da cidade, uma grande aventura de noite. Tivemos que recuar porque entrámos numa estrada que a auto-caravana não passava. É preciso ter muito cuidado, porque em grandes centros pode tornar se perigoso entrarmos com um carro destas dimensões, por isso o melhor mesmo é não arriscar…

Era hora de descansar, tínhamos percorrido cerca de 130kms e amanhã Évora esperava por nós de braços abertos.

Na manhã seguinte acordámos com um sol radiante. A nossa ideia de hoje era explorar a cidade de Évora e depois seguir em direcção a Monsaraz,  numa viagem de cerca de 60kms.

Estacionamos a auto-caravana do lado de fora das muralhas, e lá fomos nós a pé, explorar mais uma cidade.

Como em Évora, todos os caminhos vão dar à Praça do Giraldo, tinha de ser o primeiro lugar a visitar por lá!

A Praça do Giraldo é um ícone de homenagem a Geraldo Geraldes, o Sem Pavor, que conquistou Évora aos mouros em 1167. Em agradecimento por este enorme feito, D. Afonso Henriques nomeou-o alcaide da cidade e fronteiro-mor do Alentejo, região que ajudaria a conquistar. No brasão de Évora podemos ver Geraldo Geraldes com a espada em punho, a cavalo, e a seus pés as cabeças do mouro e a sua filha que residiam no castelo que o guerreiro atacou e onde se apoderou das chaves da cidade.

Depois da cidade de Évora estar na posse da coroa portuguesa, o património constituído por esculturas e um arco do triunfo foram mandados destruir para então edificar a fonte que agora permanece um dos centros de atenções dos eborenses e dos turistas na Praça do Giraldo. Esta fonte em estilo barroco é de mármore e tem 8 bicas, cada uma associada a cada rua principal da Praça do Giraldo. No topo existe uma coroa. Segundo a história popular, Filipe III de Espanha, em 1619, achou que a fonte era digna de ser coroada. Apesar da água continuar a sair pelas bicas, é aconselhável não a beber, pois os pombos da cidade apoderaram-se da fonte para aí beberem e se refrescarem nas horas do calor!

Igualmente localizada na Praça do Giraldo, encontra-se a Igreja de Santo Antão, mandada construir também por D. Henrique. Ela foi a razão por que se destruíram os monumentos circundantes da Praça do Giraldo, pois estes tapavam a vista da igreja. A sua construção iniciou-se em 1557. Lá dentro, destaca-se o raro frontal de mármore do altar-mor que representa o Apostolado da igreja que antes ocupava o seu espaço, a ermida de Santo Antoninho.

Um pouco mais a cima está a Sé Catedral, um monumento de 1204, que ficou marcado pela mudança do estilo romântico para o estilo gótico.

A Sé estava repleta de gente, infelizmente não tínhamos tempo de visitar o seu interior, mas fica a promessa que numa próxima o faremos. Um pouco mais acima fica um dos mais icónicos monumentos portugueses, o Templo de Diana, um templo Romano, datado do século I d.c.

Este monumento é um dos maiores símbolos romanos, na sua passagem por Portugal, foi construído em homenagem ao imperador Augusto, que era venerado como um deus, durante e após seu reinado. Está também associado à Deusa Romana da Caça, Diana, tendo agora o seu nome.

Por aqui ficámos a descansar e a apreciar tão maravilhoso e antigo monumento durante algum tempo. Depois descemos novamente até à famosa Capela dos Ossos. No caminho, um pequeno pintor despertou a nossa atenção, estava a fazer o retrato da maravilhosa Sé.

Mais um pouco abaixo, chegámos então à Igreja de São Francisco, onde está situada a Capela dos Ossos, um dos mais conhecidos monumentos de Évora. Foi construída no século XVII por iniciativa de três monges franciscanos que, dentro do espírito da altura (contra-reforma religiosa, de acordo com as normativas do Concílio de Trento), pretendeu transmitir a mensagem da transitoriedade da vida, tal como se depreende do célebre aviso à entrada: “Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos”. Além da questão espiritual, também havia uma questão física, qual seja; existiam, na região de Évora, quarenta e dois cemitérios monásticos que estavam a ocupar demasiado espaço e locais estratégicos que muitos pretendiam utilizar para outros fins. Assim, decidiram retirar os esqueletos da terra e usá-los para construir e decorar a capela.

As suas paredes e os oito pilares estão “decorados” com ossos e crânios ligados por cimento pardo. As abóbadas são de tijolo rebocado a branco, pintadas com motivos alegóricos à morte. Foi calculado existirem cerca de cinco mil ossos, entre crânios, vértebras, fémures e outros, provenientes dos cemitérios, situados em igrejas e conventos da cidade. Há, ainda dois esqueletos inteiros, sendo um deles, o de uma criança. A capela era dedicada ao Senhor dos Passos, imagem conhecida na cidade como Senhor Jesus da Casa dos Ossos, que impressiona pela expressividade com que representa o sofrimento de Cristo, na sua caminhada com a cruz até ao calvário.

A igreja tem uma varanda exterior extraordinária onde podemos apreciar um pouco da cidade… 😀

A hora de almoço aproximava-se, fomos almoçar e depois de passearmos um pouco mais pelas ruas de Évora, era chegada a hora de partir.

Évora ficava para trás, de seguida o nosso objectivo era ir em direcção a Monsaraz, mas antes, íamos visitar uma herdade Alentejana, a Herdade da Fonte Coberta!

São muitos hectares de vinhas, de oliveiras e acima de tudo de muita paz interior..

Por aqui tudo estava calmo, e nem as vacas que pastavam à beira do lago se ouviam…

Por aqui relaxamos um pouco, lanchamos e seguimos rumo a Monsaraz, mas pelo caminho, fomos assistir a um jogo de futebol de vacas!! 😀

Foi um jogo bem disputado, mas tínhamos que seguir viagem, ao que parece uma tempestade estava a aproximar-se de Portugal, apesar do foco ser mais virado a Norte, nós estávamos apreensivos porque se tinha levantado um vento muito forte.

Chegámos então a Monsaraz, a meio da tarde, com este cenário incrível!

Cá de cima conseguíamos apreciar a imensidão do Alqueva!

Como aqui existe um parque com uma vista magnífica de auto-caravanas, decidimos que iríamos ficar por aqui e fomos explorar a pé a linda Aldeia de Monsaraz!

As suas ruas típicas e os seus miradouros para o Alqueva, deixam-nos sem palavras…

O vento parecia começar a querer ir embora, e nós por cá continuávamos passeando.

A noite começava a cair, decidimos então ir jantar. Por Monsaraz, existem bastantes restaurantes, mas por incrível que pareça, não havia um que nos servisse. Todos diziam que tinham ocupação máxima… 🙁 Tínhamos de sair de Monsaraz para ir jantar…

Saindo de cá, não voltaríamos!! E assim foi, descemos a pequena colina e logo na primeira rotunda existe um restaurante que por volta das 20h30 de um sábado, com a sala meia, disse que não nos servia jantares, mesmo depois de ter insistido por ter um criança com um ano! Fiquei furioso, disse-lhe o que ele mereceu ouvir e saí… 🙁

Foi na Adega do Cachete, passados uns quilómetros, em São Pedro do Corval já perto de Reguengos, que jantámos por volta das 20h45 e estava divinal!

De barriga cheia, decidimos ir dormir à Aldeia da Luz, que estava na nossa previsão inicial. Chegámos já cansados, mas ainda a tempo de assistir a uma trovoada, chuva e vento bastante intensos durante cerca de meia hora… mas alguns nem se aperceberam! 😉

Terminava aqui o nosso dia. Amanhã seguiríamos rumo a Beja, mas fica para um novo artigo…

Boa noite! <3