Telavive, Jerusalém, Eilat – Israel

Telavive, Jerusalém, Eilat – Israel

9 de Março, 2018 18 Por Vitor Martins

A viagem a Israel estava hoje a começar e já tinha tanta história. Desde logo pelo facto de termos pensado inicialmente em ir só à Jordânia, e depois decidir acrescentar Israel e, depois de muito procurar,decidimos alugar um carro e partir à aventura, mas com uma portuguesa que mora em Israel.

A noite tinha começado com um bom jantar regado com um excelente vinho! A ansiedade apoderava-se de nós, todas as pessoas com quem falávamos sobre a  viagem diziam que era perigoso, arriscado, nós não ligávamos, mas como responsáveis que somos ficamos sempre com ansiedade,  mas isso também faz parte do fascínio da viagem, o arriscar, o sair da zona de conforto, ter outra perspectiva do mundo, não viver “enclausurado” nas rotinas diárias. Bom,  o dia amanheceu chuvoso, arrancámos em direcção a Lisboa,  tínhamos voo para as 11h20, chegámos ao aeroporto e o voo estava atrasado 1h,  por lá ficamos à espera e num ápice estávamos em Istambul levados pela Turkish Airlines, que tem um serviço cinco estrelas a bordo. A comida é fantástica e o entretenimento é digno de menção.Ecrãs em cada assento com filmes acabados de sair e gps que nos dá ao pormenor o sítio exacto que estamos a sobrevoar. A escala em Istambul foi curta, de seguida novo voo até Telavive onde chegamos por volta das 24h…

O horário de chegada foi uma coisa que sempre nos preocupou, chegámos muito tarde, já não havia comboios regulares do aeroporto até ao centro da cidade… depois de tanto pensar e tanto falar, decidimos alugar um táxi através do site do hotel, mais dispendioso mas mais cómodo… tudo é caro em Israel e os hotéis não são excepção, decidimos ficar no Abraham Hostel Telavive num quarto com 10 beliches onde deu para descansar… duas histórias neste dia… após troca de vários e-mails com o responsável sobre o transfer algo ficou meio dúbio, reservámos o transfer pelo site do hotel e o gerente dizia me que nós iríamos ficar no centro da cidade, não no hostel e que tínhamos de pagar mais para chegarmos até ao hostel… disse que não estava a achar justo e ele chegou a ponderar anular tudo e nós reservarmos noutro local, um dia antes da partida… eu disse lhe que não queria e ele não me respondeu mais ficando sempre na dúvida do que iria acontecer quando chegássemos… assim  que saímos nas chegadas do aeroporto, lá estava o responsável pelo transfer com uma placa na mão com o nome do hostel… primeira fase concluída… 🙂 chegados ao hostel por volta da 01h tudo correu naturalmente… era dia da mulher, o rés-do-chão estava cheio de gente jovem a beber e a conversar, fizemos o check in e lá fomos nós para o quarto, só pessoas a dormir, tínhamos as nossas camas em dois beliches separados, mas deu para descansar… as pessoas iam chegando a “conta-gotas” até ocuparem todos os beliches, mas praticamente não incomodavam…


Hoje acordámos num quarto com 8 pessoas de várias nacionalidades
. 🙂

Tomámos um belo pequeno almoço e ficámos à espera da Lídia Appel, uma das poucas cidadãs portuguesas a residir em Israel! A Lídia tem raízes israelitas, a sua mãe era israelita e o seu pai português…


Ela vai andar connosco nesta aventura por Israel… conseguimos convencê-la a mostrar-nos um pouco do país onde reside há 12 anos. Chegou por volta das 10h, o trânsito por Telavive estava ao rubro… Apresentações feitas, carro alugado, fomos conhecer um pouco do centro da cidade e depois uma das mais antigas cidades portuárias do mundo… Jaffa!!


Esta cidade a partir de 1950 ficou anexada à cidade de Telavive… O nome significa, em hebraico, “Bela”. Acredita-se que esse nome foi dado à cidade por causa do brilho do sol que reflectia nos seus edifícios. É um porto natural, que dista cerca de 55km de Jerusalém. Aquando da construção do Templo de Jerusalém eram trazidos do Líbano troncos de madeira que eram descarregados ali e levados para a construção do templo e do palácio de Salomão. Jaffa foi famosa pelo porto antigo e pelo centro histórico, do qual o profeta Jonas, segundo descreve a Bíblia, saiu para Társis de barco e foi engolido pelo grande peixe.

A cidade é importante no cristianismo. No Novo Testamento (Atos 9:36-42) regista-se a obra assistencial de Tabita (Dorcas), a sua morte e sua suposta ressurreição por intermédio de Pedro. Nessa cidade, estando ele hospedado na casa de um amigo chamado Simão, teria tido a visão de um lençol descido do céu por três vezes, quando ouviu uma voz: “Pedro, mata e come”, ao que respondeu: “Nunca coloquei na minha boca nada imundo ou impuro”. Pedro entendeu posteriormente que essa ordem era na realidade uma lição, em que ele não deveria considerar “impuro ou imundo aquilo que Deus tinha santificado”, ou seja, o cristianismo também deveria ensinar a outros povos além dos israelitas, aos gentios. Em seguida, Pedro recebe a visita de homens enviados por um centurião romano de nome Cornélio, que o esperava em Cesareia (60 km ao norte) para que lhe falasse da nova fé. Obedecendo ao chamado, ele levou consigo uma comitiva e encontraram lá Cornélio e os seus parentes, que queriam saber o que era o cristinanismo (devemos lembrar que no começo o judaísmo e o cristianismo não eram completamente separados, e o cristianismo era visto por quase todos como uma seita herética judaica, com os seus novos seguidores vindos de entre os judeus).

Esta é a história da cidade de um ponto de vista bíblico. Pode-se dizer igualmente que a importância de Jaffa na antiguidade girou em torno do porto que a servia, que foi um dos portos mais importantes do que hoje é Israel até à inauguração do Porto de Ashdod, em 1965, quando foi desactivado (actualmente, o Porto de Haifa é o maior do país). Foi também um importante local estratégico, onde as tropas turcas se concentravam. Napoleão chegou a invadir a cidade.

O comércio sempre foi forte ali. Na antiga Palestina, era reduzida a parcela urbana dos habitantes e a população local fazia suas feiras nas vilas maiores, como Jaffa. Desde o fim do século XIX, também existiram plantações de laranja na área ao redor da cidade, primeiro plantadas por árabes, depois por judeus chegados de países da Europa, que passaram a compor uma parte significativa da população de Jaffa a partir dos anos finais do Império Otomano. Em 1909 construíram Telavive, e desde essa data a história de Jaffa tem estado intimamente ligada à daquela cidade, com a qual foi fundida em 1950, dois anos após a proclamação do Estado de Israel, formando com ela uma só municipalidade.


A vista para o Mediterrâneo desta linda cidade é magnífica!!
De seguida seguimos em direcção a Jerusalém, o dia estava quente por Telavive… Percorremos cerca de 70kms e chegamos à Terra Santa!!!


Tantas emoções e tantos sentimentos que nesse dia à noite ainda não estávamos em nós de entusiasmo!! 🙂
Fomos directos ao muro das lamentações onde pudemos assistir às tradições do povo judaico, que se multiplica em formas diferentes de acreditar… estar ali é uma sensação única!!!


No muro as mulheres são separadas dos homens, as rezas são feitas em duas partes do muro separadas por grades…
Os judeus acham que as suas mulheres são perfeitas demais e que não cometem pecados, por isso rezam menos e as separam dos homens em lugares públicos… assim não cedem à tentação!!
Outro facto curioso é que temos vistos muitos cidadãos russos por aqui… vêm pelo turismo, mas a maior parte reside cá… a Rússia tem uma enorme comunidade judaica e Israel está a oferecer grandes benefícios a todos os judeus que moram fora, para virem morar para Israel…

Entrámos na cidade antiga e fomos explorar as suas ruas e vielas, um mercado gigante para pessoas de várias religiões, sempre bastante policiadas…


Comprámos lembranças e interagimos com as pessoas de forma tranquila e em completa segurança… a nossa ideia era percorrer a Via Dolorosa e acabar o dia na Igreja do Santo Sepulcro, onde dizem que Jesus Cristo foi crucificado e sepultado… impressionante num espaço tão pequeno estarem representadas três das religiões mais importantes no mundo…


A Via Dolorosa é mesmo dolorosa!!! muitas subidas, escadas, labirintos foi este o caminho segundo a Bíblia que Jesus Cristo percorreu, com a cruz até chegar à Igreja do Santo Sepulcro…

 

Apesar de estar repleta de pessoas, entrar ali dentro é um momento único na vida… para quem cresceu com uma educação cristã, e no nosso caso, católica… Foi ali que Jesus Cristo foi crucificado, sepultado e que ressuscitou ao terceiro dia, há 1985 anos, depois de tanto sofrimento… 🙁 e nesta altura da Quaresma ainda nos toca mais…


Confesso que eu nunca consegui ser um católico praticamente dentro da igreja, por várias divergências de pensamento, principalmente humano… mas fora isso, sem dúvida que estar ali naquele lugar é inesquecível e arrepiante…

Bom e chegou o momento mais engraçado da nossa passagem por Jerusalém… Com tantas emoções num só dia, era hora de ir beber qualquer coisa e relaxar as pernas… eis que chegámos ao tão conhecido bar de Jerusalém… é uma adaptação do Hard Rock na terra santa!!! 😀


Passamos por lá um pouco, mas era hora de descansar num novo hostel desta vez na terra santa com outras duas pessoas como companhia!! A noite foi agradável por Jerusalém, conhecemos dois companheiros de quarto, um deles residente em Boston que percebeu logo que éramos portugueses, porque costuma lidar com a extensa comunidade portuguesa por lá, e o outro… quando chegamos ao quarto ele estava num beliche e através de sinais com as mãos disse que iria mudar de beliche só para ficarmos os dois juntos… achamos um pouco estranho, mas agradecemos, pensamos que talvez não soubesse falar inglês, mas rapidamente percebemos que não era isso, era surdo mudo e tinha viajado desde os Estados Unidos sozinho para visitar Israel… Que coragem e que grande lição nos dá – se querem viajar nunca deixem que os vossos medos se sobreponham aos vossos sonhos!
Depois de um bom pequeno almoço e de uma “conversa” com o nosso vizinho, partíamos para mais um dia de grande aventura… 🙂


A Lídia chegou e fomos directos ao Monte das Oliveiras, de onde pudemos vislumbrar a cidade antiga de Jerusalém… que vista!!!


Mas o Monte das Oliveiras é muito mais que vistas, tem cinco igrejas e um cemitério enorme na colina, descemos até à igreja ortodoxa, uma descida íngreme que custou a voltar a subir… ao almoço estávamos no carro para seguir viagem!!


Hoje é dia de descanso em Israel, foi difícil conseguir algo onde comer…
A nossa viagem de hoje só ia terminar em Eilat a cerca de 360kms de Jerusalém!!!


Arrancámos e passada cerca de 1h conseguimos um lugar para comer à beira da estrada que liga Jerusalém a Eilat…
Durante a longa viagem íamos parando em lindos miradouros sobre as serras de Israel… confesso que Israel me estava a surpreender pela positiva há já três dias… Esta viagem foi longa, mas Israel tem paisagens magníficas… e como decidimos ir sempre por estradas sem portagens, que estão em muito bom estado. deu para desfrutar ainda mais das paisagens… 🙂


Pelas 17h30 chegávamos a Eilat uma estância balnear lindíssima sobre o Mar Vermelho do lado israelita… a nossa amiga Lídia levou-nos até a porta da fronteira, as fronteiras aqui só se passam a pé, despedimos-nos, ligámos ao Hamed que já estava à nossa espera do outro lado da fronteira, e ela seguiu para outra longa viagem rumo a Telavive…

Entramos no primeiro controle e mandaram-nos para um guiché para pagar as taxas de saída e lá fomos nós felizes e contentes… mas mal sabíamos nós o que nos esperava… chegando ao guiché a funcionária pergunta para onde íamos e nos respondemos Jordânia e ela “mas esta é a fronteira para o Egipto, aliás vocês já estão no Egipto, a fronteira para a Jordânia é do outro lado…” o)
Ligámos logo a Lídia, teria que voltar para trás e o Hamed teria que esperar mais uma hora no mínimo… de salientar que a rede de internet em Israel é das melhores que usámos até hoje, existe wi-fi de livre acesso em praticamente todo lado e é rapidíssima.

E para sair não foi só voltar para trás… tivémos que pedir um cancelamento de entrada para podermos voltar a sair… meia hora depois estávamos novamente em Israel… A Lídia lá estava à nossa espera, e depressa nos metemos na fronteira da Jordânia… de facto era relativamente perto e tudo se resolveu… 🙂


Estávamos a entrar na Jordânia para mais uma aventura mas isso fica para outro artigo…
Adorámos Israel, aconselhamos a visitar, como podem constatar é extremamente seguro andar por lá!!!
Visitem Israel!!

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