Moscovo – Estádio Lujniki e Otkrytie Arena

Moscovo – Estádio Lujniki e Otkrytie Arena

24 de Setembro, 2017 14 Por Vitor Martins

Hoje foi dia de visitarmos dois dos palcos principais do Mundial de Futebol na Rússia.

Saímos cedo em direcção ao Estádio Lujniki, que foi inaugurado a 31 de Julho de 1956, tinha capacidade para 84.745 pessoas, e onde a selecção de futebol da URSS jogava. Em 1980 foi sede dos jogos Olímpicos de Verão. Mas foi em 15 de Setembro de 1993 que o estádio teve mais pessoas no seu interior, a quando da actuação do Rei do Pop, Michael Jackson, onde estiveram  115.000 pessoas.

Um pormenor interessante é que foi neste estádio que se jogou pela primeira vez, um jogo de futebol da Liga dos Campeões em relvado artificial, foi em 27 de Setembro de 2006, um jogo entre o Spartak de Moscovo (que na altura não tinha estádio), e o Sporting Clube de Portugal.

Foi também aqui que Cristiano Ronaldo em Maio de 2008, ganhou a sua primeira Liga dos Campeões pelo Manchester United.

O Estádio Lujniki é uma das principais sedes do Mundial 2018, com sete partidas já definidas, entre elas a abertura, a semifinal e a final, entre elas Portugal-Marrocos. 🙂

É neste momento, um dos mais importantes estádios da Europa e o mais importante da Rússia. Sofreu obras de remodelação para o Mundial e tem agora capacidade para 78.360 pessoas.

O entusiasmo era grande, mas quando chegámos apercebemos-nos de que estava a decorrer a Maratona de Moscovo e que o Estádio estava fechado a visitantes.

Entrámos e fomos dar uma “volta olímpica” ao Estádio… Aqui apreciámos a estátua do ídolo Lenin.

Fomos-nos informar e percebemos junto dos seguranças que era impossível fazer uma visita pelo estádio, devido à Maratona. No entanto fomos passear por lá e ver o exterior. 🙂

O estádio é enorme, sofreu várias obras de melhorias, mas a fachada é original. Fomos andado em volta do estádio, até que percebemos que andavam a entrar e sair carros numa parte do estádio, andavam a cuidar de parte da relva, a porta de acesso estava aberta, daí já se via a relva, e eu, dirigi-me lá.

Não vi ninguém fui entrando, até que logo estava no relvado, a sensação de olhar em volta, é indescritível. Meio atordoado, fiquei ali a olhar e rapidamente, alguém me abordou a dizer que não podia estar ali. Eu disse que estava a tentar procurar alguém para saber se dava para visitar o estádio e o rapaz não percebeu nada, só fez o gesto que tinha de sair, e eu dirigi me novamente à porta e sai tranquilamente. Tinha visto o interior do estádio de uma perspectiva única. Já com parte do objectivo concluído, seguimos viagem. 🙂

Após a visita ao estádio fomos até a um mercado fantástico, o Izmailovsky.

É lá, que está o Museu da Vodka, e onde existe uma igreja para casamentos verdadeiramente especial, também tem um mercado imenso onde podemos comprar lembranças e outros artigos, praticamente a metade dos preços que se vê na cidade, mas atenção que só funciona às 4as feiras e ao fim de semana. 🙂

É um lugar fantástico, visitámos o Museu da Vodka, confesso que me desiludiu um pouco, porque é um bocado básico, não tem muitas inovações… tem realmente muita história e muitos produtos históricos, mas podia estar melhor organizado e com mais informação, apesar de disponibilizarem informação através de uma aplicação que podemos descarregar para o telemóvel e darem acesso à wi-fi, é um pouco confuso…

Ficámos com a ideia geral que Moscovo tornou-se um lugar de aparecimento da vodka russa no século XV. E aqui em exposição têm mais de 1.500 itens exclusivos de primeira das bebidas alcoólicas, que apareceram na antiga Rússia, terminando com a vodka moderna vendida na Rússia hoje! Diferentes sabores, garrafas, rótulos, que não conseguimos encontrar em outro qualquer museu do mundo.

Mas pelo menos deu para degustar esta tão importante bebida para os Russos!! 😀 Já não foi mau!!

A vodka para os russos é uma questão de orgulho e uma bebida verdadeiramente nacional! Sem isso não há um único feriado e nos eventos mais importantes da vida que costumamos celebrar, ela está sempre presente. A vodka acompanha os Russos ao longo da vida, desde o nascimento até o fim. Casamentos, diversão nocturna, encontrando velhos amigos , nada passa sem “branco”, como eles chamam à vodka na Rússia. A vodka é parte integrante da  cultura e mentalidade histórica. Como o povo costuma dizer: “Não há vodka ruim, a vodka só é boa e … muito boa!”, um pouco como nós com o vinho. 🙂

Através da aplicação vamos percebendo que todos os 1500 exemplares tem uma história, apesar de só podermos ouvir em inglês…

Aí percebemos que a Vodka, já chegou a ter quase 60 graus de teor alcoólico e que foi evoluindo até chegar ao que é hoje. A Vodka esteve também à mesa em grandes decisões para o país.

Na guerra foi um “suplemento energético”,mas houve uma altura que foi proibida, porque os soldados bebiam muita Vodka e depois, como não tinham a mesma destreza, morriam mais facilmente, causando milhares de mortos.

A Vodka e o Caviar, sempre associados..

Muita história, a Rússia e a Vodka estão intimamente ligadas. Saímos do Museu, com um brinde a Moscovo e às suas gentes que tem sido tão hospitaleiras connosco. 🙂

Saímos e deparamos-nos com a maior Matrioska que tínhamos visto até agora na Rússia.

A Matrioska é caracterizada por reunir uma série de bonecas de tamanhos variados que são colocadas umas dentro das outras.

De acordo com a cultura russa, as matrioskas simbolizam a ideia de maternidade, fertilidade, amor e amizade. O fato de uma boneca sair de dentro de outra maior representa o acto do parto, quando a mãe dá à luz a sua filha e, consequentemente, a filha dá à luz a outra criança, e assim sucessivamente. Para os russos, presentear alguém com uma matrioska é um sinal de grande afecto e desejo de vida longa e feliz. São tradicionalmente feitas de madeira e em formato cilíndrico, as feições e características das bonecas são detalhadas através da pintura manual, e podem abrigar entre 6 e 7 bonecas de diferentes tamanhos, sendo que a menor fica no interior de todas e, ao contrário das outras, não possui uma abertura na sua estrutura. Originalmente surgiram no Japão, mas acabaram por ser incorporadas à cultura russa. Aliás, o nome matrioska” foi escolhido como uma tentativa de adaptar a boneca originalmente japonesa à cultura russa, sendo que durante o final do século XIX a maioria das meninas russas se chamavam Matriona. Actualmente representam um dos principais objectos artesanais da cultura russa.

Era hora de partir deste magnífico lugar, iríamos apanhar o metro e seguir para longe do centro da cidade.

Pelo caminho ainda parámos no novo estádio do CSKA Moscovo, mas também este se encontrava fechado para visitas no dia de hoje. Fomos visitar a loja oficial e andamos nas imediações um pouco, conseguimos falar com uns adeptos que estavam a organizar-se para a partida da Liga dos Campeões da quarta-feira seguinte, recorde-se que o CSKA era do grupo do Sport Lisboa e Benfica neste ano…

Chegávamos finalmente ao novíssimo estádio do Spartak de Moscovo, era aqui que iríamos passar o resto do dia e tentar assistir a um jogo de futebol entre o Spartak de Moscovo e o Anzhi.

Como chegamos cerca de duas horas antes da partida, dirigimos-nos até à bilheteira, mas até lá chegar tivemos várias ofertas de bilhetes. Com a experiência adquirida, fomos primeiro tentar saber se havia bilhetes na bilheteira e quais os preços..

O ambiente era calmo, naquela altura existiam ainda mais polícias que pessoas a rodear o estádio. Chegámos à bilheteira e percebemos que os bilhetes estavam disponíveis a preços bastante inferiores aos que nos queriam vender momentos antes, comprámos dois bilhetes por cerca de dez euros. 🙂

Na nossa frente, estava um pai com três filhos e o seu irmão também para comprarem bilhetes. Apesar de não perceberem nada de Inglês, os gestos e a simpatia, fizeram nos perceber que éramos muito bem vindos ali. Eu levei a camisola do Sport Lisboa e Benfica e abrindo o casaco mostrei-lhes e eles conheciam o clube. 🙂

Já com os bilhetes na mão, fomos beber um café numa das muitas carrinhas-bar que existem em Moscovo..

Seguimos o nosso caminho, o nosso bilhete era para o outro lado do estádio, tínhamos ainda muito que andar…

Passados cerca de vinte minutos, estávamos a entrar no estádio do lado oposto ao que comprámos os bilhetes. Estávamos ainda a cerca de duas horas do inicio do jogo, tivemos tempo de perceber um pouco mais da história do Spartak de Moscovo, fundado em 18 de Abril de 1922, num bairro operário.

O clube viveu na clandestinidade por longos períodos de sua existência, tornando-se um dos nomes mais lendários e populares do futebol da Rússia e um dos clubes de futebol mais importantes no cenário europeu, carregando consigo uma história de luta pela popularização do futebol no mundo. Portador da Ordem de Lenin, 12 vezes campeão da URSS, 10 vezes campeão da Russia, 10 vezes vencedor da taça da URSS, 3 vezes vencedor da Taça da Rússia, semifinalista das três mais importantes competições da UEFA, a equipa participa na divisão principal do Campeonato Russo. Apesar de mundialmente conhecida pelo futebol, a sociedade Spartak participa também de mais de 40 modalidades de desporto, destacando-se no basquetebol, e no hóquei em gelo.

Apesar das crises que quase o derrubaram, o clube ainda conta com muitos adeptos, considerados os segundos maiores da Rússia, atrás аpenas da claque do Zenit de São Pestesburgo, que há poucos anos era um clube irrelevante, mas que hoje carrega o maior apoio do país após o recente sucesso. O Spartak tem como principal rival o CSKA de Moscovo, além de ser considerado o maior rival do Zenit pelos adeptos do clube. O seu estádio é a Otkrytie Arena, inaugurado em 27 de Agosto de 2014, a  sua construção começou em 2010. Antes não possuía um estádio próprio, jogava no Estádio Lujniki (antes denominado Estádio Lênin), no centro de Moscovo, palco de importantes vitórias do clube onde já tínhamos estado pela manhã.

Passeámos um pouco pelas imediações do estádio, tirámos uma foto com o maior goleador da história do clube e entrámos para descansar um pouco.

Já cá dentro apercebemos-nos que temos wi-fi gratuito e muito rápido, mas apercebemos-nos também que as crianças e o pai estavam mesmo à nossa frente, sempre com um sorriso. 🙂

O estádio é bonito e moderno, tem capacidade para cerca de 45.000 pessoas. As crianças, apesar de perceberam pouco o que dizíamos, quiseram tirar uma fotografia comigo com a camisola do Glorioso.

A simpatia destas pessoas, estava a deixar-nos encantados na nossa passagem por Moscovo. O jogo começou e as pessoas transformaram-se…

Crianças, pais, avós, a cantar e a vibrar o jogo como vi em poucos lugares até hoje. Só consigo equiparar ao ambiente de Anfield Road, fiquei impressionado.

O Spartak marcou cedo e muitas pessoas vibravam em pé, mas sempre com respeito e cordialidade.

Num ápice estávamos no intervalo.

Por aqui estávamos, começou a segunda parte e aconteceu mais um episódio caricato. Começamos a ver um jogador paraguaio  que até já passou pelo Sport Lisboa e Benfica, a fazer exercícios de aquecimento, o Melgarejo. Passou algum tempo, e eles chegaram se um pouco mais perto dos adeptos a fazer exercícios, eu começo a gritar Melgarejo, e ele olha, e pensa, como é que alguém aqui, pronuncia tão bem o meu nome… Volta a olhar, volto a chamar, desejo-lhe boa sorte se entrar e ele agradece. O jogo virou, o Anzhi consegue virar o resultado mas o Melgarejo que entrou a quinze minutos do fim, conseguiu marcar o golo do empate já nos descontos! 😀

O jogo estava a acabar e nós tínhamos de voltar para o hotel para descansar, amanhã seria mais um fantástico dia por Moscovo. 🙂