Gérasa – Jordânia
Depois de uma tarde fantástica com amigos, chegámos a Amã perto das 20h. O nosso hotel ficava a este da cidade, o que fez com que o sr. Omar perdesse mais tempo. Ele estava cansado e ainda tinha que ir tentar arranjar uma pensão para dormir, se não conseguisse iria dormir no carro. 🙁
Finalmente encontrámos o hotel, o sr. Omar foi embora e nós fomos tomar um banho, mas ainda precisávamos de ir jantar!! Saímos então do hotel, naquela zona não havia nada, o recepcionista aconselhou-nos a apanhar um táxi e ir a cerca de 3kms dali, que existia muita coisa.
Tínhamos um taxista do hotel, que nos levou tranquilamente a uma zona de grande movimento, com restaurantes para todos os gostos… Nós, depois de muitos dias sem “fast food”, fomos a uma hamburgueria!!
Por aqui o movimento era muito, comemos e passeamos um pouco nas ruas envolventes, até que decidimos voltar para o hotel. Fomos até uma rotunda muito movimentada de táxis, mandamos parar o primeiro, mostramos-lhe o cartão do hotel e ele não sabia onde era, e foi embora. Ali na rotunda os carros não podiam ficar parados muito tempo, porque senão geravam logo filas e muitos apitos!
Ao nosso lado estava um rapaz, que prontamente nos quis ajudar, disse que os taxistas ali não podiam parar, para irmos mais para o lado, e nós lá fomos. Disse para estarmos atentos aos preços e para pedirmos sempre antes, qual o valor, mas que ia meter no google maps do telemóvel dele e que perguntava ao taxista.
Nós dissemos que não era preciso, mas agradecemos a simpatia e atenção. Como estávamos à espera, naturalmente surgiu a conversa em que país morávamos, quando dissemos Portugal, ele logo respondeu – Cristiano Ronaldo! 🙂
Lá apareceu outro taxista, que olhou para o cartão, quase o meteu mesmo em frente aos olhos, e disse: “entrem!”
Percebemos perfeitamente que não fazia a mínima ideia onde era!!!
Entrámos e ele super animado, quis saber de onde éramos e meteu música típica da Jordânia em altos berros!! Nas filas todas as pessoas olhavam para nós, e ele só dizia “alegria!” 😀
Por momentos fiquei a pensar que “nunca mais” chegávamos ao hotel, mas ele com o seu sentido de orientação, lá nos levou sãos e salvos… No fim, disse que era ali e para sermos felizes, que ele tentava ser todos os dias!! 😀
O dia já ia bastante longo, tínhamos de ir descansar, o dia seguinte reservava-nos grandes surpresas!!
Acordámos cedo, tínhamos combinado com o sr. Omar às 8h em ponto na porta do hotel. Quando chegámos lá estava ele, mais fresco e risonho depois de uma noite de descanso!! 🙂
Iríamos seguir directos até Gérasa ou Jerash, uma cidade de mais de três mil anos de história, localizada no norte da Jordânia e a 50kms da fronteira com a Síria. A descoberta do sítio arqueológico foi feita por um académico alemão em 1908, está localizado a 45kms a norte de Amã, cidade da Decpolis (confederação de dez cidades greco-romanas do primeiro século A.C.), foi construída na época helenística por um dos generais de Alexandre Magno no século III A.C., chegou a ter 100.000 habitantes. 80.000 escravos e 20.000 habitantes livres.
Esta cidade teria sido visitada por Jesus durante o episódio conhecido como Jesus exorcizando o geraseno.
Mal entramos na cidade passamos pelo imponente Arco de Adriano, erguido em 129 D.C. em comemoração da visita do imperador Adriano à cidade. Foi projectado para ser a nova entrada Sul da metrópole com o alargamento das muralhas, mas a obra nunca foi terminada.
Mesmo ao lado existe o hipódromo, uma arena para corridas de quadrigas, lutas entre gladiadores e outros eventos desportivos com capacidade para 15 mil espectadores. Actualmente, uma companhia de actores faz-nos reviver esses tempos com representações regulares, como assistimos assim que entrámos no recinto.
A Praça Oval (ou Fórum) é considerada um ícone de Gérasa pois a sua forma oval não é comum. Este era o coração da vida social e política desta cidade. Rodeado por 56 impressionantes colunas, a maioria delas em estado original, e pavimentada com pedra calcária da melhor qualidade.
O Templo de Zeus, à direita, teve em tempos uma magnífica escadaria que conduzia ao altar sagrado no topo da colina. Pelas escavações realizadas, adivinha-se a monumentalidade deste templo, visível de toda a cidade. A sua localização, contudo, tornou-o vulnerável à erosão e terramotos sendo hoje uma mera amostra da sua grandeza.
Foi aqui no seu anfiteatro, em excelente estado de conservação e com capacidade para 500o pessoas, que assistimos a um fantástico espectáculo de música, com gaita de foles escocesa e trajes de militares jordanos!!!
De seguida, seguimos para o Cardo, termo usado pelos romanos para definição da avenida com orientação norte-sul, da cidade de Gérasa, que unia a Praça Oval ao portão norte, e esconde uma série de segredos da arquitectura romana. Percorrendo o Cardo imaginamos o arco do triunfo de quatro pilares, cruzamento donde se viam as 4 entradas da cidade, encontramos a colossal fonte da cidade, Nymphaeum, ricamente decorada em mármore e estuque pintado, vislumbramos as igrejas cristãs e bizantinas que substituíram templos romanos, e chegamos ao Propylaeum.
Foi nesta avenida, que conhecemos dois meninos, que brincavam por ali como muitos outros, eles são filhos ou familiares dos vários comerciantes que existem dentro da antiga cidade de Gérasa.
O Propylaeum é a entrada monumental para o Templo de Artémis, deusa grega da caça. O pórtico tem sido restaurado ao longo dos anos, e mesmo no Cardo estão ordenadas as pedras originais já recuperadas.
O Templo de Artémis era considerado o mais belo e mais rico templo de toda a cidade de Gérasa; das 12 gigantescas colunas, 11 ainda estão de pé com os seus capitéis coríntios. Mas não se encostem às colunas. Aquelas toneladas de pedra podem ser movidas só com a força de um braço, basta saber onde mexer!! Só para quem sabe!!
Daqui de cima podemos avistar toda a cidade, através de um miradouro fantástico..
Outro pormenor, é que, estamos praticamente em cima da “cidade nova”, mas esta cidade consegue manter-se preservada e apesar dos vários terramotos que já passou acabou por ir sobrevivendo, sendo hoje, uma das cidades romanas melhor preservada do mundo!
Entre muitas coisas, o teatro sul é uma relíquia neste paraíso arquitectónico romano.
Neste local, podemos assistir a um pequeno espectáculo e perceber como é a acústica daquele lugar!! Impressionante!! 😉
O dia aqui estava a passar muito rápido, eram quase 15h, tínhamos de ir almoçar. Antes de sairmos passámos novamente pelo Cardo para relaxar um pouco…
Era hora de sair, encontrámos novamente o sr. Omar e fomos almoçar ao um restaurante de um amigo mesmo ao lado da cidade romana! 🙂
Mais uma vez voltou à conversa a guerra, e o facto de muitos turistas, antes, fazerem este circuito acabando em Damasco, na Síria, aqui ao lado, provavelmente a mais antiga cidade do mundo!! 🙁
Nós estávamos a cerca de 40kms da fronteira com a Síria, e por aqui tudo estava tranquilo. Esperamos nós que por muitos e bons anos!! Fantástica Gérasa!
Adoro as vossas histórias…são autênticas e genuínas e revela um pouco as pessoas que são!!!Sao realmente pessoas livres e conseguem viver as viagens de uma forma espetacular!!Estou a imaginar vos a dançar com o taxista, ou a almoçar a 40kms da Síria, tranquilamente a falar com o sr Omar.
Um poço de cultura!!!
Gerasa é um lugar mágico, e um dos lugares mais bem conservados de património romano no mundo…
Que incrível! Eu amo lugares assim, cheios de história, e fiquei com muita vontade de conhecer! Adorei o relato =)
Que legal conhecer mais da Jordânia além de Petra né? Petra sempre foi meu sonho, mas nunca cheguei a pesquisar o que mais visitar no país…. òtimo post e blog (acho que não conhecia ainda)!
Que belo panorama de Gerasa, gostei muito de conhecer com você. Adoro locais onde você pode adentrar em ruinas e sentir na pele a história daquele povo. A Jordânia está na minha lista!
Incrível as fotos dos templos e colunas gregas. Sempre que visito lugares assim fico que nem uma boba reconstruindo os edifícios na minha cabeça e imaginando como seria estar lá no passado. Adorei o post.
Adorei Jerash. Não tanto como Palmira na Síria mas são magníficas e verdadeiramente impressionantes.