Lousã – Aldeia de Xisto do Talasnal

Lousã – Aldeia de Xisto do Talasnal

1 de Agosto, 2024 0 Por Vitor Martins

Hoje fomos passear com as crianças até à Lousã.

A nossa intenção era ir visitar a aldeia de Xisto do Talasnal.

Parámos no centro da vila para visitar os jardins do paço do Concelho, onde apreciámos a sua beleza exterior especialmente os quatro painéis de azulejos artísticos, recortados, com moldura em estilo D. João V, executados e adquiridos na Fábrica de Sant’Anna, também em 1936, dois ao nível do r/c, com bancos de pedra adossados e 2 ao nível do 1.º andar, servindo de enquadramento ás lanternas aí existentes.

Subimos em direcção ao Castelo da Lousã, já tínhamos lá estado várias vezes, mas queríamos mostrar aos nossos filhotes uma nova vista sobre o Castelo.

Os mais antigos vestígios que testemunham a presença do homem na região, datam do período da dominação romana quando toda a Península Ibérica estava sob o jugo das hostes imperiais.
Exemplos disso são alguns cipos funerários, telhas, tijolos, utensílios de vidro e metal, moedas, etc e, até restos de calçada que, em diversos pontos do concelho, foram encontrados sobretudo nas proximidades ou mesmo já dentro dos perímetros urbanos da Lousã e de Serpins.

Sabemos hoje também que na Serra e no Vale do Ceira houve nesses tempos remotos, explorações auríferas importantes.

Com as invasões dos povos de origem germânica, o Império Romano fragmentou-se e pouco a pouco foi-se apagando o brilho da sua civilização e da sua cultura, não só na cidade imperial, mas também por todas as províncias. Para atestar tal facto faltam-nos os testemunhos materiais e mesmo documentais.

Data de 943 um contrato realizado entre Zuleima Abaiud e o Abade Mestúlio do Mosteiro de Lorvão onde, pela primeira vez, nos aparece o topónimo ARAUZ que designa a povoação mais importante dessa altura em toda a região, localizava-se junto ao morro onde se levantaria mais tarde o Castelo de Arouce.

Lembremos que Coimbra era, nesse tempo, bem como seria ainda nos dois séculos seguintes, um importantíssimo centro moçárabe, com uma cultura viva e uma atividade económica bem mais desenvolvida que a das outras povoações a norte do atual território português.

Só com a pacificação do Vale do Mondego, já no século XI, é que o desenvolvimento da bacia da Lousã deve ter ocorrido, quando as gentes já não necessitavam de estar constantemente à sombra dos muros do Castelo para, rapidamente, se albergarem e refugiarem, ora do fossado vindo do norte, ora da algarada vinda do Sul.

Ao alvazil D. Sesnando ficamos a dever não só a pacificação do território e a sua defesa, mas também e principalmente a sua profunda reorganização, na qual se incluiu a construção ou reconstrução de diversos castelos, como o de Coimbra, e ainda os de Montemor-o-Velho, Penela, Penacova e naturalmente o da Lousã/Arouce.

Se a História nos dá informações secas e precisas, já o mesmo  não acontece com a lenda que envolve o passado num manto maravilhoso de enredos.

A origem da Lousã faz-nos viajar até ao tempo longínquo da dominação muçulmana, quando um rei ou um emir de nome Arunce teria fundado o castelo para proteger a sua bela filha Peralta, enquanto ele se encontrasse em campanha no Norte de África.

Daqui o Castelo parece pequenino… Seguimos para o outro lado da serra, descendo novamente e passando pela vila em direcção a Aldeia de Xisto do Talasnal.

Pelo caminho as vistas são espectaculares e “emolduradas” pelo projecto “Isto é Lousã”, que estão colocados em pontos estratégicos de toda a Lousã, desde molduras como a que passámos, ou bancos, baloiços, para que possamos apreciar a vista relaxando.

Mesmo antes de chegar ao Talasnal, existe uma placa muito engraçada, que nos dá uma perspectiva linda da aldeia.

Ficámos por lá um pouco encantados com a vista.

 

A aldeia de xisto do Talasnal era já ali, e era ali que iríamos passear, relaxar e restabelecer energias.

Aqui a natureza reina. Visitar esta aldeia faz-nos mergulhar no mundo mágico da Serra da Lousã e descobrir uma vegetação luxuriante por onde espreitam veados, corços, javalis e muitas outras espécies.

 

Tínhamos estado aqui, há uns anos atrás, mas muita coisa já tinha mudado, desde logo dois novos pontos de venda, mais casas reconstruídas, a aldeia está em grande evolução.

Esta é, desde há muito, a Aldeia do Xisto da Serra da Lousã que tem dado mais visibilidade e carisma ao conjunto. Pela sua dimensão e disposição, mas também pelos muitos pormenores das recuperações das suas casas.

A fonte e o tanque emitem a melodia que acompanha a nossa visita. As casas decoram-se com os ramos das videiras.

A ruela principal acompanha o declive da encosta, num percurso íngreme. Dela derivam quelhas e becos, que criam um ambiente de descoberta que todos gostam de explorar à espera da surpresa de um novo recanto.

As pessoas que a visitaram eram muitas neste dia, mas não nos impediu de ir até ao belo bar “O Curral”, desfrutar da vista.

É um dos bares mais antigos da aldeia, familiar, com muitos produtos regionais, e um excelente atendimento. Foi lá que descansamos um pouco apreciando a magnífica paisagem e bebendo um belo copo de licor de mel.

 

Fomos mostrar a aldeia ao nosso filho mais novo, e ele ficou encantado com as ruelas e acima de tudo com as casas típicas e a magnífica paisagem.

A tarde estava a terminar, era hora de voltar até casa. Temos o enorme previlégio de viver perto deste lugar mágico, onde a natureza ainda está em equilibrio com o ser humano.

Esta também a nossa casa! Até já!

https://aldeiasdoxisto.pt/aldeia/Talasnal

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