Açores – Pico e Faial

Açores – Pico e Faial

4 de Novembro, 2016 11 Por Vitor Martins

Em Novembro marcámos uma viagem até aos Açores, mais concretamente às Ilhas do Pico e do Faial.

A Ana grávida de 8 meses, não foi nesta viagem por razões óbvias, e decidimos ir eu, o meu pai e o Vitor júnior.

Seria a nossa primeira viagem a três e que se veio a revelar uma grande aventura e uma viagem inesquecível…

No dia 4 novembro fomos para a Lisboa onde dormimos, mas antes aproveitámos para jantar com um grande amigo, o Paulo Martins que mora e trabalha em Lisboa apesar de ser de Coimbra.

Tinhamos o voo marcado para as 6h30 da manhã por isso fomos descansar para acordarmos fresquinhos… e assim foi, no outro dia pelas 5h30 já estavamos à espera do avião que nos iria levar até Ponta Delgada, onde ficavámos ate à hora de almoço e depois seguiamos num outro avião (o voo Lisboa-Ponta Delgada num Airbus A310 e voo inter-ilhas num Bombardier Q400), descendo na ilha Terceira na Base das Lages com paragem para saída e entrada de  passageiros e depois Faial.

Quando chegámos a Ponta Delgada, eu e o meu pai já tínhamos estado lá, o Vitor seria a primeira vez e como tínhamos 3h de paragem decidimos alugar um táxi e ir mostrar a cidade ao Vitor júnior.

Assim que saímos do aeroporto fomos logo abordados por um senhor a perguntar se não queriamos táxi… explicámos a nossa situação, acordámos um preço e lá fomos nós explorar Ponta Delgada.

Pelo caminho até Ponta Delgada conversando, viemos a descobrir que o dono do táxi conhecia o nosso primo que durante muitos anos trabalhou como Polícia no aeroporto.

Ainda mais em família fomos visitar o mercado de Ponta Delgada e ver o que se vende por lá… o Júnior ficou admirado com os ananáses e de saber que eram produzidos na ilha e deixámos o mercado com a promessa de um dia voltar para conhecer as plantações de ananáses e tantas outras coisas que a ilha tem para nos oferecer.

A seguir seguimos para as portas da cidade, estas portas são um símbolo da primitiva defesa terrestre da cidade, na costa sudoeste da ilha. Foram erguidas em 1783, primitivamente abertas nos muros do setor este.

De seguida fomos visitar a nova zona do porto de barcos de cruzeiro, uma zona que estava bem diferente desde a última vez que visitámos a ilha de São Miguel, oito anos antes.

Descansámos por lá um pouco, bebemos um café e comemos uma massalada (doce típico da ilha), é o equivalente no continente aos nossos “sonhos” e é composto por massa fofa, com farinha, ovos e açúcar, são simplesmente deliciosas.

A nossa passagem por São Miguel estava a terminar, mas antes ainda demos uma passagem pela convento de nossa senhora da Esperança onde existe uma peça de arte magnífica, o Senhor Santo Cristo dos Milagres. Trata-se de uma imagem entalhada em madeira, sob a forma de sacrário, em estilo renascentista representando o episódio do martírio de Jesus Cristo em que este é apresentado à multidão, na varanda do pretório, acabado de flagelar, de punhos atados e torso despido, com a coroa de espinhos e os ombros cobertos pelo manto púrpura. O evento está narrado em Lucas 23:21, no episódio maior da corte de pilatos. O culto e as festas em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres derivam das revelações recebidas pela Venerável Madre Teresa da Anunciada e realizam-se nos dias em torno do quinto domingo após a Páscoa, dia em que se procede à grande procissão, terminando na quinta feira da Ascenção. Constituem a maior e mais antiga devoção que se realiza no país, e que só encontra paralelo com a devoção popular expressa no Santuário da Mãe Soberana, em Loulé, e, a partir do seculo XX nas celebrações do Santuário de Fátima. A devoção atrai, anualmente, milhares de açorianos e seus descendentes, de todas as ilhas e do exterior, uma vez que é um momento escolhido por muitos emigrantes para visitarem a sua terra natal.

A manhã em Ponta Delgada tinha terminado,era hora de arrancar em direçao ao Faial… fomos no bombardier para mim uma experiência fantástica, o avião a hélices é pequeno que torna a adrenalina da viagem ainda mais em alta.

Descemos nas Lages apreciando a vista do ar da linda ilha Terceira. Lá parámos durante 30 minutos e seguimos em direcção ao Faial, mas antes de aterrar uma surpresa nos esperava… ao nosso lado tínhamos o Pico por entre as nuvens, estávamos a passar ao lado da maior montanha de Portugal com os seus 2351m de altura, e observá-la lá do alto é uma sensação indescritível!

Chegados à ilha do Faial fomos buscar o nosso carro, companheiro de viagem nos quatro dias pelas ilhas e seguimos em direcção ao hotel Azoris Faial Garden, excelente opção para quem fica alojado no Faial. Os quartos são espaçosos e modernos e a vista para a ilha do Pico é única e inesquecível….

Era altura de explorar a ilha do Faial, ela é pequena mas tem muitas histórias para nos contar,desde logo na zona do porto de pescas,onde seguimos para provar o famoso Gin Tónico no bar Peter Café Sport,um bar com 100 anos de história.

Vale muito a pena visitar o bar, apreciar o que existe no seu interior, provar o Gin e visitar o museu de Scrimshaw do “Peter” que nasceu em 1986 e constitui hoje um local de visita obrigatória para todos os que visitam o Faial. A sua importância é por todos reconhecida na medida em que lá se preserva, através das peças em exposição – dentes e ossos das próprias baleias com desenhos que são autênticas obras de arte, o testemunho e a memória dessa grande aventura que foi a caça à baleia, principalmente nas ilhas do Faial e Pico.

Provado e aprovado o gin, visto o museu, seguimos em direcção ao Porto Pim.

Porto pim é uma praia lindíssima no Faial, e visto do Monte da Guia tem ainda mais encanto. 🙂

O Monte da Guia é um cone vulcânico, com duas crateras semicirculares parcialmente intersectantes, e ao seu lado existe uma capela de Nossa Senhora da Guia, que tem uma vista fantástica sobre a cidade do Faial e sobre a praia de Porto Pim.

De seguida fomos visitar o inesquecível Vulcão dos Capelinhos.

O Vulcão entrou em erupção em 12 de Setembro de 1957. O vulcão manteve-se em actividade por 13 meses, entre 12 de Setembro de 1957 e 24 de Outubro de 1958. A erupção dos Capelinhos, provavelmente terá sido uma sobreposição de duas erupções distintas, uma começada em repouso. Do ponto de vista vulcanológico, este vulcão é considerado um vulcão activo. O nome Capelinhos deveu-se à existência de dois ilhéus chamados de “Ilhéus dos Capelinhos” no local, em frente ao Farol dos Capelinhos. O Mistério dos Capelinhos localiza-se na Ponta dos Capelinhos, freguesia do Capelo. É uma das maiores atracções turísticas do Atlântico, nomeadamente dos Açores, pela singularidade de sua beleza paisagística, de génese muito recente e quase virgem. Pode ser considerado o ponto mais ocidental da Europa, caso o Ilhéu de Monchique, nas Flores, seja considerado parte da América do Norte insular por assentar na placa norte-americana.

O vulcão dos Capelinhos é reconhecidamente um marco na vulcanologia mundial. Foi uma erupção submarina devidamente observada, documentada e estudada, desde do início até ao fim. Apareceu em condições privilegiadas, junto de uma ilha habitada, com estrada, farol e telefones privativos,o que lhe dá ainda mais relevo.

Como seria de prever,com esta crise milhares de pessoas saíram da ilha, a maior parte para os Estados Unidos da América, mas a ilha conseguiu restabelecer se e hoje parte dessas pessoas acabaram por voltar e trazer mais valias para a ilha.

O Vulcão dos Capelinhos é mais uma prova que o povo português é enorme nas adversidades, foi uma visita fantástica, estava ansioso para estar neste lugar!!

No regresso ao hotel ainda tivémos tempo de passar pelo lindo miradouro da praia do norte e pela praia praia da Fajã que tem uma vista fantástica…

O nosso primeiro dia estava a terminar, e com tantas aventuras, o jacuzzi e a piscina interior do hotel foram o ideal para relaxarmos e termos uma boa noite de sono. 🙂

O dia seguinte amanheceu com um vista fantástica para a Ilha do Pico… Acordámos cedo, fomos tomar o pequeno-almoço e arrancámos para mais um dia fantástico em família.

Já tínhamos percebido que a caça à baleia e a pesca, em especial ao atum eram duas coisas muito importantes na ilha.

Seguimos em direcção ao Miradouro do Monte do Carneiro, lá temos uma vista única para a ilha do Pico e para a cidade da Horta.

Seguimos para o outro lado da ilha e parámos no Miradouro de Nossa Senhora da Conceição, daqui para além da vista para a ilha do Pico podemos avistar a ilha de São Jorge.

O nosso carrinho, num ápice, levou nos até à Reserva Natural da Caldeira, numa hora sem nevoeiro, o que é muito raro nesta altura do ano!!

Localizada no centro da ilha, a Caldeira é o verdadeiro ex-líbris do Faial. Trata-se de uma enorme cratera de um vulcão extinto que esteve na origem da ilha, com cerca de 2000m de diâmetro, 400m de profundidade e sete quilómetros de perímetro. Uma marca impressionante na paisagem, composta por uma imensa cova coberta de verde, com uma pequena lagoa no fundo, que se entrevê no meio do nevoeiro quase sempre presente. Vulgarmente apelidado de Catedral do Silêncio, este local é um reduto da floresta de laurissilva que revestia a ilha no período anterior ao povoamento. Em redor da Caldeira estende-se um manto de vegetação salpicado pelo colorido dos maciços de hortênsias que povoam a ilha azul, assim baptizada pelo escritor Raul Brandão.

Passámos horas por ali,a passear os três e a apreciar aquela fantástica paisagem… são imagens que guardarei para o resto da vida,este é o verdadeiro sentido da viagem…

Descemos a caldeira e fomos passeando pela cidade, na zona do porto e da marina, onde almoçámos e descansámos sempre com o Pico no horizonte… no dia seguinte iríamos seguir para lá no barco Mestre Simão que faz a ligação marítima entre as duas ilhas…

O dia seguinte acordou solarengo e lá fomos nós com o nosso carrinho dentro do barco em direcção ao Pico.

A nossa ideia era passar um dia por lá e subir o mais alto possível a montanha… e assim foi.. A viagem de barco foi mais uma aventura para o meu pai e para o Júnior, como era bom vê-los felizes… Chegámos ao Pico e fomos subindo de carro até lá ao alto, a paisagem da subida são vacas, e um verde espectacular, da vegetação, que até parece que rejuvenescemos, uma paisagem características das ilhas em geral nos Açores.

Fomos parando, apreciando a vista com a ilha do Faial ao fundo, até que chegámos ao máximo que o carro nos pode levar, a partir daí até ao pico da montanha só mesmo a pé. A nossa ideia era subir, mas o nevoeiro era muito e seria impossível subir mais, então fomos descendo em direcção ao outro lado da ilha, para São Roque do Pico e Lages do Pico, onde almoçámos um bife de atum grelhado delicioso… a comida tem sido fantástica como era de prever, carne e peixe frescos… o que pedir mais!! 🙂

 

O almoço terminou, era hora de voltar em direcção à Madalena pelo outro lado da ilha, onde visitámos os famosos moinhos de vento, que tem um formato parecido com os do continente, apenas diferem nas pás que movem as mós… De seguida fomos até às famosas vinhas do Pico, que o meu pai achou muito estranhas – as videiras estão no chão e são rodeadas de muros em pedra, que fazem a protecção dos ventos e criam um micro clima – para que as uvas possam desenvolver.

O tempo estava a passar a correr, mas ainda tínhamos de passar pelo famoso, e já considerado o edifício mais bonito do mundo – o Cella Bar – na Madalena, onde voltaríamos a apanhar o barco para o Faial…

No Cella Bar tivémos um episódio menos bom na nossa viagem, mas nada que não se resolvesse, o Júnior tropeçou numas escadas com uns seis degraus e caiu, esfolou joelhos e braços, mas depois de uns curativos estava pronto para outra… 🙁

Estava a chegar a hora de entrar no Mestre Simão em direcção ao Faial, apreciar um magnífico pôr do sol e relaxar novamente já no hotel…

Esta seria a nossa última noite no Faial, fomos jantar ao Canto da Doca, um magnífico bife de atum na chapa, que delicioso!!!

No dia seguinte tínhamos o dia para passear novamente, o nosso voo de regresso era só por volta das 17h.

Era domingo, seguimos até ao centro da cidade, o meu pai decidiu assistir a missa na Igreja do Santíssimo Salvador, depois da missa seguimos para a Marina onde pudemos apreciar as mensagens de milhares de navegadores que chegam à ilha. Esta ilha é um ponto de paragem estratégico para quem atravessa o Oceano Atlântico de barco, aqui param para reabastecer ou simplesmente descansar. Todos os dias podemos apreciar na marina iates e barcos à vela que desbravam este tão grande Oceano.

A nossa passagem pelas ilhas do grupo central estava a chegar ao fim, foram quatro dias fantásticos em família, em paz, em harmonia e principalmente conhecendo-nos melhor todos os três… ficou a promessa de voltarmos com o Pedrinho!! 🙂

Já a subir no avião desde o Faial, avistámos novamente o Pico num lindo dia de sol e o meu pensamento era que tinham sido sem sombra de dúvidas quatro dos melhores dias da minha vida! 🙂

Os Açores são uma visita IMPERDÍVEL!!!