Varsóvia – Polónia
Chegámos finalmente a Varsóvia, depois de quase nove horas de autocarro.
A viagem foi cansativa, mas chegámos ao hostel por volta da meia noite e ainda tivemos nova surpresa… Tínhamos combinado, um quarto duplo com um berço, mas o quarto era no terceiro andar, sem elevador, e os responsáveis não se preocuparam minimamente com o berço. Àquela hora, já não existia ninguém na recepção, tivemos de dormir os quatro em duas camas que juntámos. 🙁
No dia seguinte acordámos cedo, com o céu bastante nublado, mas tínhamos de ir explorar a cidade. Seguimos a pé, em direcção ao centro, uma viagem de cerca de dois quilómetros.
Por aqui tudo estava tranquilo, era sábado de manhã, a maior parte das pessoas estavam a descansar.
Passámos por uma das muitas salas de ópera de Varsóvia, a Kameralna.
Daqui seguimos em direcção ao coração da cidade, com as crianças, sempre a pé.
A cidade tem centenas de igrejas, por aqui o povo é muito católico.
Como ainda era cedo, estas igrejas estavam fechadas e, chegámos finalmente ao coração da cidade!! Totalmente destruída pelos alemães, a Cidade Velha foi meticulosamente reconstruída, trazendo de volta a arquitectura centenária e colorida dos prédios do centro histórico. O resultado foi quase perfeito, o que trouxe a Varsóvia o título de Património Cultural e Natural Mundial, concedido pela Unesco.
Apesar do vento e do tempo chuvoso, chegámos à Praça do Castelo. Aqui, ficam, pelo menos, três importantes pontos turísticos da cidade: a Coluna Sigismundo, o Castelo Real e a Igreja de Santa Ana.
A coluna do Sigismundo, construída em 1644, é uma homenagem ao rei que fez de Varsóvia a capital nacional. Ela tem muito simbolismo para os polacos: dizem que, quando a espada de Sigismundo está erguida para o céu, o país está em paz e, quando toca o chão, é porque a Polónia vive seus piores dias. Assim foi quando os nazistas derrubaram a Coluna fazendo com que a estátua se misturasse aos destroços dos prédios ao seu redor.
As principais atracções da cidade mantêm vivas as lembranças de um país que sofreu com a ocupação nazista na Segunda Guerra Mundial e com o comunismo imposto pela extinta União Soviética.
O Castelo Real de Varsóvia é bem diferente daquele conceito que, muitas vezes, temos de castelo. Aqui, viveram os reis que governaram o país a partir do século XIV e, actualmente, ele é o maior símbolo da resistência e do poder de renovação deste povo.
A igreja de Santa Ana foi construída no século XV, mas com o passar dos anos foi sendo transformada e, hoje, é a mais bonita da cidade. O órgão e o altar com impressionantes detalhes no estilo barroco são, sem dúvida, os que mais impressionam.
Daqui seguimos até à linda praça do Mercado, esta praça também é um grande marco da reconstrução da cidade. Os prédios, que hoje vemos ao seu redor, foram completamente destruídos e, mais tarde, reerguidos para que Varsóvia voltasse a ser o que era antes da guerra. Aqui, no centro da Praça, fica o símbolo da cidade: uma sereia. Segundo a lenda contada pelos primeiros moradores de Varsóvia, Sawa era uma sereia que tinha sido salva pelo pescador Wars e, como agradecimento, ela prometeu que o protegeria para o resto da vida. Daí surgiu o nome da cidade: Warszawa, em polonês. Até o século XIX, era comum ouvir relatos de pessoas que viam Sawa nadando pelo Rio Vístula, mas, depois da Segunda Guerra Mundial, a sereia desapareceu e o que restou foi somente a sua bela história.
Daqui seguimos, para o outro lado do rio Vístula. Fomos visitar o moderno estádio nacional da Polónia, foi inaugurado em Janeiro de 2012 para receber alguns jogos do Euro 2012.
Hoje iria haver um concerto da famosa cantora Rihana e não podemos entrar no seu interior… Mais uma prova que “existem portugueses em todo o lado”, foi quando andávamos a passear nas imediações do estádio e aparecem duas pessoas, uma com a camisola do FCP e outra com a camisola da selecção nacional. Tínhamos que registar o momento!!
Duas pessoas muito simpáticas do norte do país, mas actualmente a trabalharem na Alemanha. Estivemos um pouco na conversa e seguimos novamente para o centro da cidade.
Daqui, decidimos ir a um mercado tradicional, a cerca de 10kms do centro.
Apesar de já ser um pouco tarde, passeámos pelas ruas estreitas tranquilamente, convivemos com os locais, degustamos as suas frutas e as suas doçarias típicas.
O dia já ia longo, hoje era dia de ir ver o jogo de futebol da nossa selecção. Nada melhor que ir a um supermercado português e comprar comida e bebida para poder assistir ao jogo de barriga mais composta! Hoje era dia de jogo da nossa selecção nacional! 😀
Por aqui a “Biedronka” do Grupo Jerónimo Martins, domina, tendo cerca de 2800 lojas espalhadas por toda a Polónia. É de facto, impressionante!
Assistimos então ao jogo, ao lado de Ingleses, Polacos, Franceses e Holandeses, que, como Portugal estava a jogar contra o Chile, torciam por Portugal. 🙂
O resultado não foi o esperado, estávamos todos cansados, depois de um dia em grande, e de ter andado a correr o jogo todo atrás do Pedro!! Mesmo assim, eu e o Vitor, ainda fomos dar um passeio pelas imediações do hotel. Impressionante o silêncio que se fazia sentir por volta da 0h de um sábado à noite no bairro onde estávamos…
Chegou o último dia das nossas férias! Tínhamos o dia todo para explorar ainda mais a cidade e mais à noite teríamos voo, via Viena, até Lisboa.
Por aqui no Verão, os gelados começam a vender-se muito cedo! Ao lado, estava um miúdo a tocar acordeão, um das dezenas espalhados pelas praças. Por aqui existe um rede montada, à vista de todos, de exploração infantil. Eles estão a tocar, o turista deixa moedas e passado um tempo, passa o “patrão” e recolhe as moedas de todos como, infelizmente, observámos. 🙁
É bom para as crianças, privilegiadas (como consideramos as nossas), observarem com os seus próprios olhos… O Vítor ficou chocado!
Seguimos então para um dos locais mais fantásticos que estivemos, o Museu Wojska Polskiego. O museu documenta os aspectos militares da história da Polónia. Criado em 1920, ocupa uma ala do edifício do Museu Nacional Polaco. É o segundo maior museu de Varsóvia e a maior colecção de objectos militares da Polónia. Nós fomos ver os aviões! 🙂
Ainda um pouco traumatizados com a segunda guerra mundial, os polacos detêm um arsenal bélico enorme.
Daqui seguimos para o Palácio da Cultura e Ciência, não sem antes termos assistido a um casamento no mínimo original. Não o acto em si, mas o meio de transporte que usaram para ir da igreja até ao restaurante… Lindo! 🙂
Em altura de Mundial de Futebol, em frente ao Palácio existia um ecrã gigante, com cadeiras e espaços para as crianças brincarem. Foi para lá que fomos um pouco!
Depois de algumas horas de brincadeira, subimos ao cimo da torre!
Por aqui, é bastante fácil de subir. Um elevador super rápido eleva-nos a cerca de 200m num instante.
Daqui avistamos a cidade inteira, esta é a parte mais recente da cidade.
As vistas aqui de cima são fantásticas, mas tínhamos de ir embora. Ainda passámos em frente ao Teatro, onde estava a decorrer uma peça ao ar livre bastante original.
Apanhámos o autocarro e seguimos para o centro da cidade novamente.
Chegámos à Igreja de São José!
Por aqui estava uma singela homenagem a Janusz Korczak, médico de profissão, que dedicou parte da sua vida a um orfanato de judeus, e quando chegou a hora de eles partirem, foi com eles até ao fim… 🙁
No dia 5 de Agosto de 1942, o Gueto preparava-se para mais uma chacina, desta vez eram cerca de 200 crianças do orfanato que Janusz liderava. O médico, pediu às crianças que fizessem as malas, mandou-lhes vestir as melhores roupas e seguiram para o extermínio. Perto da entrada, teve oportunidade de escapar, mas não o fez, partiu com eles. Que lição de vida arrepiante… 🙁
Estava a decorrer uma missa e fomos descansar um pouco… Seguimos na rua, onde passamos por Charles Gaulle, um grande lutador contra o regime nazi.
Na rua central da cidade existem bancos muito originais!! Podemos descansar neles, ouvindo grandes músicas de Frédéric François Chopin, também chamado Fryderyk Franciszek Chopin, um pianista polonês-francês radicado na França e compositor para piano da era romântica. É amplamente conhecido como um dos maiores compositores para piano e um dos pianistas mais importantes da história. Esta cidade respira Chopin! 😀
Já a meio da tarde, fomos degustar uma iguaria típica de Varsóvia. 🙂
Passámos ainda pela zona das Universidades, aqui a magnífica Academia de Ciências.
Era chegada a hora de voltar ao hotel, pegar nas malas e ir até ao aeroporto, mas ainda passámos pelo Gueto…
A Polónia foi o país que mais sofreu com a Segunda Guerra Mundial. Mais de seis milhões de polacos morreram no conflito, entre 1939 e 1945. A maioria, homens e mulheres comuns, nada tinha a ver com o conflito ideológico que motivou os ataques e a ocupação do país. E, para quem está pensar conhecer a Polónia, visitar um dos maiores símbolos dessa trágica história, o Gueto de Varsóvia, é indispensável.
A vida dos judeus valia muito pouco, ou simplesmente nada, para a ideologia nazi. Mas, como sabemos, outros grupos também foram perseguidos por Hitler. O pacote de maldades incluía eslavos, negros, ciganos, gays e Testemunhas de Jeová, mas, entre as minorias, os judeus eram a maioria. No Gueto de Varsóvia eles eram unanimidade.
Passar por aqui, é marcante! Entretanto para desanuviar um pouco fomos apreciar arte urbana tão em voga neste momento.
Impressionante! 😀
A nossa viagem estava a chegar ao fim, faltava a última etapa, a viagem de regresso. Chegámos ao aeroporto atempadamente, mas o voo Varsóvia-Viena atrasou em cerca de uma hora. O tempo de espera do voo Viena-Lisboa era de 1h20m…
Já em stress, saímos de Varsóvia e chegamos dez minutos antes do voo para Lisboa partir… Corremos, corremos, corremos, e chegámos mesmo em cima da hora de embarcar!!!
Realmente uma hora e vinte minutos de espera pode tornar-se muito pouco tempo… 🙁
Aqui estávamos já dentro do avião para Lisboa!!
Ate já Lisboa! <3
Que cidade extraordinária!!Vocês passearam muito a pé como nós gostamos!
Amigo Vítor, vocês continuam a ser uma motivação de conhecimento e cultura de dois viajantes muito atentos 👏👏🙏, que mais posso dizer!?!! ” Adorei”…
Realmente este país que tanto sofreu coma segunda guerra merece estar a evoluir desta forma. adoro os polacos em geral e Varsóvia em particular. Fizeram uma rota muito engraçada, com as crianças não deve ser fácil, mas mais uma vez temos a prova que quando NOS queremos as crianças adaptam se é acima de tudo. Aprendem!!!!
Que experiência esta viagem. Eu nunca fui e nunca tinha lido algo tão completo a respeito. Parabéns pela publicação.
Muito bonitas as suas fotos de Varsóvia! Era um destino que não me chamava a atenção, mas semana passada vi um vídeo sobre e agora lendo o seu texto chego à conclusão de que eu estava errada… já quero ir!
Quanta coisa legal para ver ai! Eu fui apenas para poznan e quero muito conhecer outras cidades da Polônia
Eu fiz uma escala apenas na Polônia e pensei que queria dar uma esticadinha. Confesso que nunca parei para ler e me informar sobre, mas agora com seu post me deu muita vontade!
Que post completo. Adorei cada dica e viajei junto com vocês lendo. A Polônia está nos meus planos ainda e espero realizar em breve esse sonho.
Que chata experiência com o hotel, mas que fantástica a experiência com seus filhos!
Se Esta o viajando, são realmente mais. Abastados que muitos, mas se Esta o conhecendo outras realidades, tenho certeza que estar ao sempre agindo para mudar essa realidade!
Parabéns pra vcs!!!
Foi uma aventura familiar e tanto, apesar dos contratempos e do cansaço. Tenho muita curiosidade em relação à Polónia.
P.S. Também adorei os noivos de bicicleta.
Um relato demasiado detalhado, que deu aquela vontade louca de pegar um avião e visitar a Polônia. Se tudo der certo, irei no verão de 2019. Parabéns pela viagem, pelas fotos, pelas reflexões. Fiquei um pouco entristecida ao ver crianças sendo exploradas.
Gosto desta cidade mas as memórias que tenho dela também são assim, cinzentas e sombrias. Acho que combinam com a sua história recente.
Taí! Um país que nunca tinha entrado na minha lista de desejos, mas vendo as suas fotos e lendo seu relato, estou mudando de idéia! 🙂
Como foi para se comunicar na Polonia? Eles recebem bem os extrangeiros?
Eles falam e percebem bem o inglês! 🙂
woow aquele grafitti gigante em azul é maravilhoso! quantos detalhes!
eu só visitei uma cidade na Polônia e posso dizer que lembra muito a minha região, aqui há muitos imigrantes que até construiram alguns edificios no memso estilo da arquitetura dai. a comida é semelhante, apesar de que aqui só comemos pirogue no estilo ruski enquanto ai recheiam com tudo ahueahe
Talvez nunca tenha considerado colocar a Polônia como um destino de viagem, mas vcs me deixaram bem curiosa para visitar o lugar 🙂
A Vivi já foi algumas vezes a trabalho, onde conseguiu emendar alguns passeios, mas eu não conheço ainda. Preciso ir.
Quanto conseguimos fazer – e viver – em tão pouco tempo! Por isso viajar é tão bom = viver intensamente.