Walking Weekend’18 – Festival de Caminhadas e Emoções
A nossa caminhada para este fim-de-semana memorável, começou meses antes, no Villa Pampilhosa Hotel…
Foi lá, no Restaurante “O Buke”, que degustamos o delicioso cabrito assado no forno e que visitámos por cortesia e simpatia da gerência, o spa, a piscina interior e o ginásio do hotel.
Foi nesse dia que ficámos convencidos, através do mentor deste projecto, o Gonçalo Lima, mais um dos que não tendo lá origens, encontrou uma oportunidade de trabalho e a agarrou com todas as suas forças, e neste momento está apaixonado pela Pampilhosa da Serra… 🙂
O tão aguardado fim-de-semana estava a chegar… Chegámos à Pampilhosa da Serra por volta das 20h e fomos jantar ao Restaurante Caruma, no centro da Pampilhosa da Serra, foi lá que conhecemos o Miguel Lemos e a Maria João, dois dos responsáveis pela pela organização do evento e o vice-presidente da câmara o Dr. Jorge Custódio com quem podemos conversar, principalmente sobre os problemas que a Pampilhosa da Serra se debate, com os acessos, e com o flagelo dos fogos florestais… 🙁
A noite estava a ser fantástica, mas tínhamos de ir até ao Villa Pampilhosa Hotel, era lá a recepção de boas vindas a todos os caminheiros, com uma prova gastronómica típica serrana pelo chef Flávio Silva, um dos melhores cozinheiros do país, e como não podia deixar de ser, hoje a animação ficou a cargo do grupo de Concertinas do Machio…
O dia não podia acabar sem uma visita ao bar dos Bombeiros Voluntários da Pampilhosa da Serra, o famoso Uchas!!
O sábado amanheceu solarengo, e por volta das 7h da manhã estávamos a acordar para ir tomar um belo pequeno-almoço e seguir para Barragem de Santa Luzia para começar a primeira caminhada de 12kms, de seu nome “Rota do Pastor”…
Perto da Barragem de Santa Luzia, fica o Restaurante “As Beiras”, onde bebemos um café e onde iríamos almoçar… A nossa aventura começava aqui, mas com uma companhia muito especial, a famosa Ana da aldeia do Vidual, ia estar connosco e levar-nos até à sua aldeia… Pelo caminho iria explicar-nos como era viver naquele fantástico lugar desde criança…
A barragem de Santa Luzia, foi inaugurada em 1942, mas foram precisos onze anos para a construir.
O rio Unhais, que passa na Pampilhosa, serve de alimento a uma das mais antigas barragens de Portugal, mas esta barragem também recebe água do Rio Ceira, canalizada através de um túnel de derivação com 6.945 metros de comprimento. Os trabalhos da Barragem terminaram em 1942 com o fecho das comportas em Novembro desse ano, pela Companhia Eléctrica das Beiras. A central hidroeléctrica está montada num edifício exterior à Barragem e possui 4 grupos geradores num total de 24 MW, produzindo num ano normal 55 GWh. O nome dado à barragem proveio da Ermida de Santa Luzia existente nos penedos, no limite das freguesias de Vidual e Cabril. Esta pequena capela foi mandada erigir em 1930, pelo particular Francisco Pedro Simões, natural da Malhada de Rei, em cumprimento de uma promessa. Tínhamos acabado de passar por 87 anos de história… 🙂
Passámos a barragem para o outro lado e ao fundo podíamos ver a Serra da Estrela e as suas duas lindas torres… Que vista magnífica… O trajecto em direcção ao Vidual de Cima, foi profundamente pensado por toda a equipa, de forma a nos proporcionar uma experiência única. Fomos então pela margem da barragem, por caminhos fantásticos e selvagens, em muitos deles ainda tivemos de nos desviar de árvores e troncos…
Foi nesta zona que nos juntamos à nossa fantástica guia e não a largamos até chegarmos à sua aldeia! 🙂 A Ana é uma pessoa extremamente simples e humilde, tem um aspecto físico e mentalidade jovem, mas confessou-nos, com algum orgulho misturado com tristeza, que tinha quatro filhos, todos eles já maiores de idade, mas infelizmente todos fora da aldeia. Perante esta primeira conversa, e já mesmo dentro do “Centro Comercial da Natureza”, perguntei-lhe quantos habitantes tinha a aldeia onde vivia, ao que ela me respondeu: “sabes, antes do fogo estivemos a contar as pessoas que moravam cá e eram 96 pessoas, mas neste inverno por causa do fogo, muitas pessoas foram a baixo e morreram..”. Até agora neste trajecto nada estava ardido, mas lá mais em cima, no topo de uma das serras, conseguimos ver a dimensão da área ardida, e foi de facto, terrível… 🙁
Mas depressa percebemos, que a Ana, apesar dos terríveis momentos que passou, já estava a ultrapassar o pesadelo e acima de tudo, andava a encorajar as pessoas mais idosas a terem forças para continuar…
Continuávamos o caminho, apreciando as “lojas” do centro comercial, com uma paz e uma tranquilidade que só podem ser sentidas estando por cá… 🙂
Íamos em direcção ao Vidual, sempre com a enérgica Ana, explicando-nos um pouco da fauna e flora existente por cá e falando da sua vida… Subimos a serra e num ápice estávamos no topo da montanha, já avistando a linda aldeia do Vidual de Cima, sabendo já, que iríamos conhecer as cabras e as ovelhas da Ana, todas elas com nomes e criadas pelo marido! 🙂
Passadas 2h lá chegámos então à linda aldeia de Vidual de Cima, onde tínhamos um autêntico banquete à nossa espera, e algumas mulheres da aldeia que nos aguardavam ansiosamente cantando músicas típicas da aldeia… E por falar nisso, o Walking Weekend neste momento já tinha a sua música, e ela era tão simples e bonita, como os habitantes da Pampilhosa da Serra! Era simplesmente: “ó Linda, eu vou me embora!!! ó Linda, eu vou, eu vou…”.
Uma mesa farta de queijos, enchidos, broa, muitas filhós espichadas, bastante típicas da Pampilhosa e deliciosas com aquele pequeno sabor a laranja, uma bela jeropiga e tantas, mas tantas outras coisas que ficávamos todos já por aqui…
Mas não podia ser, tínhamos de regressar ao mesmo local onde partimos, mas desta vez por outro caminho… Mas não sem antes tirar a primeira foto do grupo de bloggers que vieram até ao Centro Comercial da Natureza! Obrigado amigos, Nunca Paras Quieta, World Citizen Girl e Meus Roteiros pela fantástica companhia! 😀
Bom, era hora de partir de Vidual de Cima, com a típica música do Walking Weekend’18 em pano de fundo… A próxima paragem seria para nós a maior surpresa deste magnífico evento… Apresento-vos o Poço do Caldeirão!
Esta queda de água natural fica bem no fundo da povoação do Vidual de Cima, e é uma das suas maiores atracções… Só faltou mesmo dar um grande mergulho nestas águas translúcidas, mas fica para uma próxima vez. Subimos novamente para a aldeia, confesso que a esta altura e ainda muito longe do destino final, começava a sentir umas dores estranhas na ponta dos dedos, que me estava a incomodar um pouco, mas seguimos…
Parámos novamente no largo da igreja para reabastecer água no chafariz…
Deixávamos o Vidual de Cima para trás e eu ainda com mais dores nos pés…
Fomos ficando para trás, até que nos apercebemos que a Maria João, membro do staff, era a última pessoa e que para além de controlar quem fica mais para trás, tem a preocupação de recolher o lixo, não dos caminheiros, porque esses tem a responsabilidade de não deitar lixo para o chão, mas de outros que andam na serra a desfrutar dela, mas que não a sabem preservar… 🙁
Conversando com ela, descobrimos uma das mais fantásticas histórias que ouvimos no fim-de-semana… A Maria, vivia em Lisboa, o seus avós viveram numa aldeia perto da vila da Pampilhosa, e os seus pais, ainda novos, foram para Lisboa e por lá ficaram, ela longe de imaginar que um dia viria para cá, acabou o seu curso, foi viver para Londres durante uns tempos e depois foi para Moçambique, para ficar três meses, ficou quatro anos, voltou para Lisboa e a sua vida mudou… Cansada da vida de stress de Lisboa, decidiu vir morar para a casa da Pampilhosa durante uns tempos e dedicar-se ao mestrado… Como bombeira que era antes, alistou-se nos bombeiros da Pampilhosa, lá fez amigos, conheceu pessoas, e passado uns meses recebeu uma proposta para integrar este fantástico projecto de Turismo, com mais duas excelentes pessoas, o Miguel Lemos e o Gonçalo Lima e formam a equipa perfeita juntamente com todos os seus colaboradores! 🙂 Hoje confessa-nos que, não se arrepende de ter mudado radicalmente de vida, que tem todos os dias produtos frescos, que leva uma vida recatada e tranquila e que passou meses sem internet e rede móvel em sua casa e que viveu perfeitamente tranquila…
Pois é, existe muita gente que sai daqui para tentar uma vida melhor, mas tenho esperança que muitas mais “Marias” regressarão para aqui, para dar ainda mais vida a este paraíso… Sempre vivemos na aldeia, mudámos para a vila há 13 anos, mas temos contacto diário com a aldeia, não me vejo a viver numa cidade como Lisboa, por isso encorajo as pessoas que também pensam assim a virem para cá, aqui existe um novo mundo de oportunidades..
Foi com esta lição de vida, que consegui chegar ao restaurante para almoçar! De seguida iríamos regressar ao lindo Hotel Villa Pampilhosa, para um workshop da Decathlon, onde aprendemos a montar uma tenda com dois quartos em dez minutos e onde ficámos a perceber que hoje em segundos montamos e desmontamos uma tenda! 🙂
Para além das tendas, a Decathlon tem uma panóplia de produtos, desde roupa, calçado, acessórios, mochilas para caminhada, e que foram bem explicadas pelos membros do staff da marca… Foram sorteados bastões e meias de caminhada entre os participantes, o que levou a uma grande interacção com as pessoas…
De seguida, voltámos a encontrar o enorme Chef Flávio Silva, desta vez para provar as suas filhós espichadas, mas em especial o seu bombom de chocolate verdadeiramente delicioso! 🙂
O dia já ia longo, apesar do cansaço, estava a ser um dia inesquecível. O tempo era curto, tínhamos uma sessão de relaxamento à beira rio, feita por um excelente profissional na área, o Bruno Oliveira, que é dono do ginásio Healthy Fitness GYM em Vila Nova de Poiares, e tem uma experiência enorme no ramo.
Foi muito divertido, mas mais dez quilómetros esperavam por nós… Era chegada a hora da caminhada da “Rota dos Ofícios e Tradições”…
Não há muitas palavras para exprimir esta caminhada. Andamos em volta da vila da Pampilhosa, entrámos dentro da casa das pessoas, vimos a fazerem broa, bebemos jeropiga, ouvimos a explicação da forma como se faz o azeite, vimos uma azenha no rio, andámos nas terras onde estavam plantados, feijões, batatas, couves… 🙂
Numa zona de muito mel, também podemos ver, a forma como se faz o mel de urze. A urze é uma planta espontânea que cresce em terrenos pobres em cal, e que tem flores de cores diversas. As espécies existentes em Portugal são muito comuns e encontram-se em todo o país, mas sobretudo nas montanhas de granito a norte de Portugal continental.
São estas experiências únicas que podemos ter na Pampilhosa da Serra. É um grande experiência para quem vai, e é uma grande alegria e encorajamento que damos aos que resistiram ficar por cá e que tem tanto para nos dar! 🙂
No Verão podemos mergulhar tranquilamente nesta zona mesmo no centro da vila, pois fecham uma comporta e fica uma piscina fantástica..
Ao regressarmos ao hotel passámos pelo recente e lindo museu da Pampilhosa da Serra. 🙂
Por cá, podemos perceber um pouco mais da história da Pampilhosa da Serra, podemos ver todas as antigas profissões e a forma como os residentes viviam por lá… No último andar e apesar do cansaço, podemos ver a história da evolução tecnológica em objectos, uma ideia fantástica… Aqui recuamos mais de 60 anos ao entrar numa escola primária da época! 🙂
Quando saímos do museu, perguntamos à Maria se a farmácia ainda estava aberta, pois já eram 20h, precisava de tratar dos meus pés, estavam a dar as últimas… não estava, mas a Maria foi aos Bombeiros, e lá nos desenrascou com que restou das ajudas dos fogos. Viver na aldeia é um pouco isto, uma entreajuda entre todos!! Fantástico! 🙂
Foi um dia de emoções fortes, era chegada a hora de jantar.
Jantámos no Villa Pampilhosa, que tinha várias opções, nós optámos por uma tibornada de bacalhau deliciosa e não nos arrependemos! De seguida tivemos a actuação do Rancho Folclórico da Casa do Concelho da Pampilhosa e uma exposição e venda de produtos tradicionais da região, como o famoso Licor de Medronho, o mel, as miniaturas em xisto e muito mais..
Tínhamos de ir descansar, amanhã outra grande surpresa nos aguardava…
Acordámos cedo e fomos tomar mais um belo pequeno almoço no hotel..
Este hotel é uma excelente opção para relaxar, tem tratamentos de spa, piscina, jacuzzi e um conforto e atendimento acima da média. Os pequenos almoços são servidos na sala do restaurante “o Buke”, que se transforma num dos melhores restaurantes da zona, depois dos pequenos almoços. As vistas daqui para a vila são de cortar a respiração, este hotel é de 4*, e ficámos a saber através do vice-presidente da Câmara, que iria passar a ter quatro milhões de estrelas!! 🙂 Parece que a Pampilhosa da Serra está a concluir a candidatura ao certificado Starlight que, quando aprovado, tornará a Pampilhosa da Serra num destino Darksky, isto é, será um destino com condições incríveis a nível de observação de estrelas!
Cada vez existem mais motivos para visitar o Centro Comercial da Natureza!! O domingo acordou cheio de sol e nós preparados para uma experiência verdadeiramente arrepiante… Fomos descer o rio a pé, na apelidada “Caminhada Aquática” e foi uma verdadeira aventura… Vestimos os fatos de água..
Metemos os capacetes já no terreno..
A organização desta caminhada ficou a cargo da empresa de animação e desportos radicais, a Epic Land, liderada por jovens dinâmicos e com ideias diferentes… Muitos parabéns!
E lá fomos nós escorregando, nadando e caindo pela Natureza… 🙂 Almoçámos no Restaurante Caruma, mesmo na praia fluvial da Pampilhosa, um espaço incrível, fantástico para passar uns dias a relaxar.
No fim do almoço, seguiu-se mais um momento alto, nesta fantástica caminhada pela Pampilhosa da Serra – O “CatchBox”, que começou pelo presidente da câmara municipal e acabou nos participantes!
O “CatchBox” consiste em passar de pessoa em pessoa um microfone em forma de caixa, para que esta dê a sua opinião sobre o que viveu, sentiu e possíveis melhorias, para que juntos consigamos crescer. Esta foi mais uma ideia do mentor do projecto, a quem temos de agradecer novamente pela confiança e humildade. 🙂
Fechámos com chave de ouro a nossa passagem pela Pampilhosa da Serra. Estamos certos que iremos voltar novamente para o ano!
Ficam os nossos sinceros agradecimentos pela hospitalidade e simpatia.
https://www.facebook.com/walkingweekend18
Excelente evento, devem ter sido dois dias cansativos, mas passar o fim de semana no meio da natureza, conhecer os costumes, a gastronomia da região e como olham para as oportunidades que o campo proporciona nos deve preencher por dentro.
Que hajam mais iniciativas como estas.
exatamente Paulo..muito obrigado
Muito bom fuquei com vontade de experimentar… parabéns…
Realmente cada vez tenho mais vontade de viver no campo…constatar que existem pessoas felizes por aí emociona me bastante…
Viajei pelo centro de Portugal, pela linda Pampilhosa da Serra com a vossa descrição única…Cada palavra tem um sentimento de amor e faz nos querer ler e reler o que viveram por lá…Realmente não existe melhor descrição possível de uma viagem seja ela para onde for, se não tiver sentimento, e nisso, o nosso olhar do Mundo é único!!!Muitos parabéns pelo vosso trabalho…Adoro seguir às vossas viagens…
Obrigado amigo, por mais um passeio cultural que nos deste a conhecer muito bem escrito , que nos dá vontade de visitar passo a passo 🙏🙏🙏
Quanta força de vontade! Confesso que sou preguiçoso para assuntos que envolvam caminhadas na natureza… mesmo sendo em lugares belíssimos como esses. Adorei, no entanto, o hotel! 😎
Que fim de semana extraordinário! Adoro caminhar e conhecer novos lugares, novas culturas, por meio de guias locais que nos contam também suas histórias! Como faz pra participar?
Que brutalidade, muito bom!! Isto é perfeito e é o que o nosso ineterior precisa. Foram demasiados anos a escondê-lo debaixo do tapete. Claro..por vezes +e preciso algo de terrível acontecer para o ser humano despertar, isso é triste, mas vamos olhar em frente agora!!
O fim de semana em Pampilhosa foi cansativo mas simplesmente fantástico. Já estou me preparando para o ano que vem. Também fiz o meu relato sobre o que vi e vivi por lá: http://meusroteiros.com/pampilhosa-da-serra-centrodeportugal/
Excelente viagem. Parece ter sido muito gratificante, embora também tenha parecido cansativa né? Não conheço Portugal ainda, mas ler sobre esses passeios culturais é muito interessante.
Nossa, a gente ia adorar fazer esse passeio, adoramos incluir caminhadas em nossos roteiros.
Excelente iniciativa! Para a próxima gostava muito de participar. Um fim-de-semana rodeado pela natureza, em boa companhia e ainda por cima com bons petiscos é uma ótima forma de sair da rotina!
Taí um tipo de cansaço gostoso: caminhar, ainda mais em meio à natureza, é revigorante e tão diferente do cansaço que sentimos após um dia de trabalho intenso.
[…] de assistirmos ao Workshop da Decathlon no Walking Wekeend’18 na Pampilhosa da Serra, decidimos falar com o Jorge Barreto, que era o demonstrador dos produtos e […]